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terça-feira, 1 de outubro de 2024

#Livros - Antologia Poética, de Cecília Meireles

 

A imagem de capa do livro "Antologia Poética" de Cecília Meireles apresenta um fundo verde escuro que evoca uma atmosfera sóbria e contemplativa. Em destaque, o título "Antologia Poética" e o nome da autora, "Cecília Meireles", estão escritos em letras brancas, criando um contraste elegante e harmonioso com o fundo. A composição reflete a profundidade e a sensibilidade da obra, convidando o leitor a mergulhar na rica poesia da autora, cuja voz única ressoa com lirismo e introspecção.

Sinopse

Cecília Meireles (1901-1964) é uma dos maiores poetas da língua portuguesa (como dizia Vitorino Nemésio, "da linhagem de Camões, de Fr. Agostinho e António Nobre). Nascida no Rio de Janeiro, não chegou a conhecer o pai, que morreu antes do seu nascimento, e a mãe morria três anos depois. Cecília foi criada pela avó materna, emigrante portuguesa dos Açores e viveu em Portugal entre 1934 e 1936. Em 1938 recebeu pelo seu livro Viagem o Prémio da Academia Brasileira de Letras, pela primeira vez concedido a uma mulher. 

A escolha dos poemas para esta antologia, que foi pela primeira vez publicada após a sua morte, foi feita pela autora, que no prefácio afirma que havia procurado o essencial de cada um dos seus catorze livros. Esta edição portuguesa conta ainda com dois posfácios. Um, do poeta José Bento, um texto publicado na revista O Tempo e o Modo, pouco depois da morte de Cecília Meireles (e onde diz dela que "o seu segredo - como o de toda a grande poesia - é tão fundo como sedutora a voz com que chama quem se debruçar sobre os seus versos"), e um outro, de João Bénard da Costa, escrito no centenário do nascimento, onde escreve: "Cecília Meireles não foi só um dos maiores poetas brasileiros do século passado. Foi uma dos maiores poetas da língua portuguesa." 


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Opinião 

Cecília Meireles foi uma das mais importantes poetisas brasileiras, marcando o seu lugar na Literatura com uma obra rica em sensibilidade e musicalidade. Nascida no Rio de Janeiro, Cecília perdeu a mãe ainda muito jovem e, desde então, teve uma vida marcada por mudanças e desafios. A sua carreira literária começou na década de 1920, quando publicou o seu primeiro livro de poemas, Espectros, e logo se consagrou como uma das vozes mais autênticas da poesia modernista no Brasil. Além de poesia, escreveu contos, ensaios e livros para crianças, sempre com a expressão da profundidade das experiências humanas e a beleza efémera da vida. Assim, esta Antologia Poética é uma obra fundamental para entender a riqueza e profundidade da poesia da autora, que só agora descobri. 


Aqui nesta coletânea estão reunidos os versos mais importantes da autora, numa síntese do seu olhar profundo e reflexivo, com uma selecção que revela a evolução do seu estilo e do seu pensamento ao longo das décadas. A poesia de Cecília Meireles é profundamente marcada por influências de movimentos literários como o simbolismo e o modernismo, que contribuíram para a construção da sua estética singular. Esta mistura de influências resulta numa poesia rica e multifacetada, que transita entre a introspecção e a crítica social e que comprova a relevância das suas inquietações num contexto mais amplo. O livro está dividido pelas obras de onde foram retirados os poemas, proporcionando uma experiência verdadeiramente imersiva. 


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Os seus versos, frequentemente, destacam-se pela musicalidade e ritmo, evidenciando a habilidade da autora para articular sonoridades que dialogam com as emoções. Além disso, a poética de Cecília destaca-se pela simplicidade que contrasta com a profundidade dos conteúdos. A sua linguagem, muitas vezes marcada pelo uso de metáforas e personificações, revela um universo onde a subjetividade e a transcendência estão sempre presentes, o que faz com que o leitor se sinta parte duma meditação sobre a condição humana e as nuances da vida. Nos poemas encontramos a reflexão sobre a vida e a morte como um dos temas principais. A autora explora a transitoriedade da existência humana, evidenciando a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte, que se entrelaçam de forma indissociável. 


"Perdido, perdido. Ai, tudo foi perdido!

Eu e tu perdemos tudo. 

Suplicávamos o infinito. 

Só nos deram o mundo." 


Outro tema central é a relação com a natureza, revelando a profunda conexão da poetisa com o mundo natural. Deste modo, são utilizados elementos da flora e fauna como reflexos das emoções e estados de espírito, criando uma atmosfera onde a natureza é muito mais do que um cenário, mas um agente activo na construção da sua lírica. Questões de identidade e memória também estão presentes, mostrando as inquietações e os anseios que definem a experiência humana. Nos seus versos encontramos reflexões sobre a passagem do tempo e a efemeridade da vida, conduzindo-nos por uma viagem introspectiva emocionante. Incontornável é também a presença do amor e da solidão nos seus poemas. São exploradas várias facetas do amor, desde a paixão ardente até ao amor perdido, mostrando a fragilidade e a intensidade dos sentimentos. A solidão, por outro lado, é captada como uma experiência universal, colocando o eu-lírico imerso nas suas próprias reflexões e anseios mais secretos. 


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Na minha saga de ler um poema por dia, projecto pessoal que tenho levado a cabo nos últimos tempos com bastante sucesso e prazer, esta foi uma experiência de leitura muito enriquecedora e permitiu-me conhecer uma grande poeta que me parece que não tem o devido reconhecimento em Portugal. A cada poema, somos confrontados com emoções que oscilam entre a melancolia e a esperança, revelando uma alma inquieta e contemplativa. Deste modo, a musicalidade das palavras de Cecília, aliada à profundida dos temas, provoca uma reflexão acerca da condição humana e das subtilezas da vida quotidiana. Ler Cecília Meireles é, acima de tudo, um exercício de autoconhecimento, onde nos permitimos ser tocados pela beleza da palavra e pela universalidade das experiências humanas que ela tão bem traduz. 


"Toda vez que um justo grita, 

um carrasco o vem calar.

Quem não presta fica vivo: 

quem é bom mandam matar." 


Portanto, esta Antologia Poética de Cecília Meireles pode muito bem ser uma excelente porta de entrada para os que desejam descobrir a rica tradição da poesia brasileira. Através dos versos de Meireles, o leitor é convidado a explorar a técnica e a musicalidade da sua poesia, além do contexto sociocultural do Brasil do século XX. Cada poema é uma janela aberta para as nuances da experiência humana, que enriquece a alma e eleva o espírito. Agora, quero saber a tua opinião! Já conheces a poesia da Cecília Meireles? Leste esta Antologia Poética? Qual o teu poema favorito da autora? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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Wook | Bertrand 

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