Sinopse
Uma nota enigmática é encontrada junto a lascas de tinta e tela, e à moldura vazia de um quadro famoso. O ladrão deixou um recado. Promete repetir a façanha dentro de um ano. De visita à igreja de Santa Maria delle Grazie em Milão, uma jovem mulher apaixona-se por um carismático milionário. Mas quando alguns meses depois é abordada por um antigo professor, Sofia é colocada inesperadamente perante um dilema. Deverá denunciar o homem com quem vai casar-se, ou permitir tornar-se cúmplice deste ladrão de arte irresistível?
Enquanto a intimidade entre o casal aumenta, um jogo de morte, do gato e do rato, começa. E aquilo que ao início aparentava ser um conto de fadas, transforma-se rapidamente num pesadelo, enquanto um plano ousado e meticuloso é urdido para roubar a obra-prima de Leonardo da Vinci. Requintado, intimista, inspirado em acontecimentos verídicos, A Última Ceia transporta-nos até ao elitista mundo da arte. Passado entre Londres e Milão, habitado por uma coleção extraordinária de personagens, para as quais a ambição e fama sobrepõem-se a qualquer outro valor, este é um thriller sofisticado de leitura compulsiva. Uma viagem surpreendente ao centro de uma teia de intrigas, romances e traições.
Opinião
A Última Ceia é o terceiro livro que leio de Nuno Nepomuceno, um extraordinário autor português perito em escrever thrillers viciantes. Nesta obra, Nepomuceno apresenta uma trama envolvente e repleta de suspense, mistério e reviravoltas, que promete prender a atenção do leitor do início ao fim. O autor, conhecido pela sua habilidade para criar enredos intricados e personagens complexos, já recebeu diversos prémios e elogios da crítica literária. Com este terceiro volume da séria Afonso Catalão, o autor entrega uma história cativante, que mistura passado e presente, segredos e traições, levando-nos a questionar a verdade por trás das aparências.
O título sugestivo faz uma clara alusão à obra-prima de Leonardo da Vinci, que é a peça central de todo este mistério. A obra original está num mural em Milão, num estado de conservação que está longe de ser o desejado para tamanha peça de arte, mas que impossibilita que dali seja retirado. No entanto, existem cópias antigas que parecem mostrar o esplendor da obra quando criada pelo nosso brilhante artista. E esta história começa precisamente com o roubo dessas cópias, de forma absurdamente eficiente, e que é acompanhado por um bilhete que promete repetir o feito com a terceira e mais famosa cópia da Última Ceia, exactamente um ano depois.
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Nuno Nepomuceno apresenta-nos uma série de personagens intrigantes e complexos. Entre eles, temos o protagonista Afonso Catalão, que demorou tanto a aparecer nos primeiros capítulos que, por momentos, pensei que tinha sido enganada e este livro não fazia parte da série. Quando aparece, novamente procurado pelos Serviços Secretos portugueses, não fica claro qual poderá ser o seu real contributo para esta investigação que procura evitar o terceiro roubo e apanhar o culpado, sobre o qual existem muitas suspeitas, mas poucas provas concretas. Outro personagem importante é Sofia Conti, descrita como uma mulher inteligente e muito bonita, que se revela o elo de ligação com o criminoso, um italiano milionário, lindo, charmoso, sedutor e muito perigoso, que pretende casar-se com ela a todo o custo. Numa acção conjunta entre polícias portuguesas, italianas e inglesas, pretende-se mostrar a Sofia quem é de facto o seu noivo e procurar que ajuda as autoridades a reunir provas contra esse homem.
"Se um extraterrestre visitasse o nosso planeta, escolheria conhecer Londres, com certeza. Seria a melhor forma de contactar rapidamente com um pouco de todos nós naquela que há muito se assumiu como a rainha das cidades, um ser multifacetado que nasceu e proliferou ao longo do curso majestoso do Tamisa."
A ambientação da história é feita entre as ruas de Milão, de Londres e de Lisboa, com os seus cenários explorados habilmente, cada um com a sua própria atmosfera e cultura, o que enriquece a trama e cria tensões significativas. Milão, com a sua rica história e cenários pitorescos, proporciona um ambiente exuberante e sedutor para a trama de mistério e traição que se desenrola. Por outro lado, Londres, com a sua vibrante vida urbana, adiciona uma dimensão intrigante à história. Já a calma Lisboa, serve de ponto de ligação entre o nosso professor Afonso e a sua ex-aluna, Sofia, escondendo mais do que revelando o turbilhão de sentimentos e de segredos que este protagonista ainda encerra. Os saltos de cenário, bem como os saltos temporais, transmitem uma sensação de perigo iminente, revelando detalhes, deixando mais perguntas do que respostas claras.
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Ao longo da narrativa, diversos conflitos e enigmas vão-se desdobrando, mantendo o leitor constantemente envolvido na história, e dificultando a tarefa de fazer pausas na leitura. Entre os principais conflitos que movem a trama, destaco a misteriosa morte do arcebispo de Milão, o passado duvidoso desse personagem da Igreja e a dúvida que paira sobre a participação de Sofia como cúmplice dos crimes que foram cometidos no final. No entanto, há uma série de mistérios que vão se revelando mais perto do final, mas que não me deixaram a sensação de encerramento, de respostas claras e definidas, não senti que tenha sido oferecido ao leitor respostas totalmente reveladoras. Fica no ar a possibilidade de existir outros mistérios por trás do que foi contado, ou até de terem sido contadas mentiras que ocultariam as verdades mais tenebrosas.
"As mulheres sabem mentir com maior naturalidade porque têm de fazê-lo desde muito cedo, seja para protegerem os filhos, agradar aos maridos ou singrar profissionalmente. É um ato de sobrevivência num mundo que ainda é dominado pelos homens. Privadas da força, usam a inteligência para obterem o que querem."
O autor explora a psicologia dos personagens, revelando as dores e angústias que os impulsionam a agir de determinada maneira. A complexidade das relações humanas, os traumas e os dilemas morais são temas recorrentes na história, elevando a profundidade da trama e instigando o leitor a refletir sobre o impacto destes factores na vida das pessoas. A verdade é que, desde o início, o autor constrói uma atmosfera de mistério, apresentando pistas subtis e criando dúvidas que ficam a pairar na mente do leitor. Pessoalmente, durante esta leitura fiquei imersa num mundo repleto de mistério, suspense, reviravoltas intrigantes e obras de arte icónicas. As páginas conduziram-me por uma trama electrizante, repleta de personagens complexos e envolventes, sendo que fiquei com a impressão de que haveria mais a descobrir ainda. A cada capítulo, a minha curiosidade só aumentava, e a narrativa hábil e fluída do Nuno envolveu-me de tal forma que era impossível largar o livro, o que resultou em ter terminado de o ler em dois dias.
A Última Ceia é um livro que merece muito ser lido pelos amantes de suspense e mistério. Com uma trama intricada e cheia de reviravoltas, Nuno Nepomuceno apresenta-nos segredos, desafios e personagens fascinantes. Não sei o que ainda falta descobrir nos próximos volumes da série, mas, até agora, estou a adorar seguir os personagens permanentes e conhecer os novos que o autor nos apresenta em cada nova aventura. Portanto, só posso deixar-te o convite para que conheças esta aventura, mergulhes neste mistério e formes as tuas próprias opiniões sobre esta história envolvente. Já te permitiste conhecer os livro de Nuno Nepomuceno? Chegaste ao terceiro? Se já leste A Última Ceia, o que achaste do final da Sofia? Achas que todas as respostas foram dadas? Deixa o teu comentário e vamos conversar sobre este livro tão rico em detalhes!
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