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terça-feira, 15 de agosto de 2023

#Livros - O Jogo do Mundo, de Julio Cortázar

 

Um mergulho labiríntico no fascinante universo literário de Julio Cortázar, O Jogo do Mundo oferece ao leitor uma experiência literária única e desafiadora. Com uma prosa envolvente e refinada, o autor argentino cria um jogo narrativo que cativa e intriga, levando o leitor por caminhos surpreendentes e labirínticos. Nesta edição cuidadosamente editada pela Cavalo de Ferro em Portugal, a capa exibe elementos simbólicos que representam a dualidade presente na obra, convidando o leitor a se aventurar nas intricadas tramas de Cortázar, onde realidade e ficção se entrelaçam em um complexo jogo de perspectivas. Uma leitura imperdível para os amantes da literatura e para aqueles que buscam desafiar os limites da narrativa.

Sinopse

O amor turbulento de Oliveira e da «Maga», os amigos do Clube da Serpente, as caminhadas por Paris em busca do Céu e do Inferno, têm o seu outro lado na aventura simétrica de Oliveira, Talita e Traveler, numa Buenos Aires refém da memória. 

A publicação de O Jogo do Mundo (Rayuela) em 1963 foi uma verdadeira revolução no romance mundial: pela primeira vez, um escritor levava até às últimas consequências a vontade de transgredir a ordem tradicional de uma história e a linguagem usada para a contar. O resultado é este livro único, cheio de humor, de risco e de uma originalidade sem precedentes. 

Considerado o romance que melhor retrata as inquietudes e melhor resume o século XX na visão latino-americana do mundo, desde a sua publicação, gerações de escritores são, de uma maneira ou de outra, devedoras de O Jogo do Mundo


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Opinião 

Julio Cortázar, nascido em 1914 na Bélgica e radicado na Argentina, foi um renomado escritor e tradutor, considerado um dos principais expoentes do movimento literário do realismo mágico. A sua obra, marcada por elementos surrealistas e experimentais, trouxe uma nova perspectiva para a literatura latino-americana. Cortázar foi um dos fundadores do boom latino-americano, movimento literário que revelou ao mundo grandes escritores como Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. Entre as diversas obras de Julio Cortázar, destaca-se fortemente O Jogo do Mundo, publicado em 1983. Neste livro, o autor explora as temáticas do amor, do tempo e do desejo, utilizando de um enredo complexo e surpreendente. 


Tudo começa a partir do encontro entre o jovem Horacio Oliveira e a misteriosa Maga, em Paris. A partir desse ponto, o leitor é levado por uma narrativa não-linear e cheia de simbolismos, em que o real e o fantástico se entrelaçam. Com o seu estilo único e inovador, Cortázar convida-nos a adentrar num jogo literário repleto de mistérios e descobertas, revelando aqui a sua genialidade e a sua capacidade de reinventar a forma de contar histórias. Toda a narrativa é permeada por um clima de suspense e tensão, com elementos surrealistas que desafiam a lógica e estabelecem um clima de enigma ao longo da história. Cortázar utiliza uma estrutura narrativa não linear e fragmentada, alternando entre diferentes pontos de vista e períodos de tempo, o que confere ao livro uma particularidade e inovação muito interessantes. Essa estrutura narrativa original contribui para a atmosfera intrigante do enredo e intensifica a sensação de incerteza e imprevisibilidade que permeia o livro todo. 


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O Jogo do Mundo apresenta uma rica gama de personagens, cada um com as suas próprias peculiaridades e características marcantes. O protagonista, Horacio Oliveira, é um intelectual argentino que procura incessantemente a liberdade e a autenticidade na sua vida. Maga, uma jovem boémia e amante de Oliveira, é uma figura enigmática e sedutora, capaz de despertar paixões intensas. Outros personagens notáveis incluem o exilado Perico Romero e o escritor Morelli, só para citar dois exemplos. A construção destes personagens por parte do autor é magistral, pois Cortázar utiliza técnicas experimentais de narrativa e linguagem para retratar as suas complexidades psicológicas e emocionais de forma única. Estamos perante um livro que é também repleto de temas complexos e profundos, que são hábil e cuidadosamente explorados pelo autor argentino. 


"Demasiado tarde, sempre, porque ainda que fizéssemos amor muitas vezes, a felicidade tinha que ser outra coisa, algo talvez mais triste do que essa paz e esse prazer, um ar como que de unicórnio ou de ilha, uma queda interminável na imobilidade."


Entre os principais temas presentes na obra, destaca-se a busca pela identidade e a constante inquietação do ser humano em relação ao seu propósito na vida. Além disso, Cortázar também aborda temas como o amor, a liberdade, a arte e a problemática relação entre a realidade e a ficção. A forma como esses temas são explorados pelo autor impactam directamente a trama, tornando-a instigante e provocadora, levando o leitor a questionar os próprios fundamentos da existência e envolver-se emocionalmente com os personagens e as suas narrativas entrelaçadas. A escrita de Julio Cortázar é cativante e instigante, repleta de elementos que tornam a sua prosa fluída e envolvente. Esta complexidade das narrativas presentes no romance exige do leitor uma participação activa na construção da trama. 


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A originalidade de Cortázar destaca-se nos jogos literários e estruturais presentes na obra, que desafiam a linearidade tradicional dos romances. A sua escrita transcende as convenções literárias, levando o leitor a questionar e repensar as próprias concepções sobre a arte da escrita. O Jogo do Mundo é uma obra que apresenta diversos pontos fortes que merecem ser destacados. Um dos aspectos mais notáveis é a caracterização dos personagens, que são retratados de forma profunda e complexa, fazendo com que nós, leitores, fiquemos envolvidos emocionalmente com as suas histórias e tragédias pessoais. Além disso, o desenvolvimento do enredo é extremamente inventivo e desafiador, com diferentes caminhos narrativos que possibilitam ao leitor escolher a ordem em que deseja seguir a história, o que torna a leitura uma experiência única e individual, sem contar que as respostas não nos são entregues. Assim, cada leitor terá uma percepção dos factos assente na sua experiência de vida e entendimento dos eventos. 


"A coisite é essa sensação desagradável de que onde termina a nossa presunção, começa o nosso castigo. Lamento usar uma linguagem abstracta e quase alegórica, mas o que eu quero dizer é que Oliveira é patologicamente sensível à imposição daquilo que o rodeia, do mundo em que vive, daquilo que lhe tocou em sorte viver, para dizê-lo amavelmente. Numa frase, a circunstância ultrapassa-o ou, ainda mais sucintamente, dói-lhe o mundo."


No entanto, vale ressaltar que a complexidade da obra pode ser um desafio para alguns leitores, especialmente aqueles que preferem tramas mais lineares e tradicionais. Eu própria, confesso que senti alguma apreensão ao agarrar esta leitura e entendi que seria um desafio. A quantidade de personagens e narradores alternativos pode tornar a leitura confusa em alguns momentos, exigindo do leitor uma atenção constante. Vale a pena ultrapassar as barreiras e as dificuldades, porque o produto entregue por Cortázar é uma verdadeira obra-prima, mas acredito que um leitor iniciante tenha dificuldades acrescidas, ainda que duvido que seja possível ter um total entendimento do que aqui lemos. Daqui a 10 anos poderia reler e entender outra coisas completamente diferente, porque serei uma pessoa diferente, e isso acontecerá com todos os leitores e com a grande maioria dos livros, mas aqui é evidente e salta à vista mesmo enquanto ainda estamos a ler as suas páginas que formam um puzzle singular que desafia as convenções literárias e estimula a reflexão sobre a própria natureza da leitura, da escrita e do ser humano. 


Um mergulho labiríntico no fascinante universo literário de Julio Cortázar, O Jogo do Mundo oferece ao leitor uma experiência literária única e desafiadora. Com uma prosa envolvente e refinada, o autor argentino cria um jogo narrativo que cativa e intriga, levando o leitor por caminhos surpreendentes e labirínticos. Nesta edição cuidadosamente editada pela Cavalo de Ferro em Portugal, a capa exibe elementos simbólicos que representam a dualidade presente na obra, convidando o leitor a se aventurar nas intricadas tramas de Cortázar, onde realidade e ficção se entrelaçam em um complexo jogo de perspectivas. Uma leitura imperdível para os amantes da literatura e para aqueles que buscam desafiar os limites da narrativa.

O Jogo do Mundo, de Julio Cortázar, é uma obra cativante e desafiadora, que mergulha os leitores numa narrativa não linear e cumulativa. Com a sua prosa experimental, o autor convida-nos, leitores, a participar activamente na construção do enredo, proporcionando uma experiência literária única. Cortázar desconstrói as estruturas tradicionais da narrativa, mergulha em questões filosóficas e existenciais, cria personagens complexos e profundamente humanos, além de trazer à tona reflexões sobre a natureza da realidade e da arte. Em suma, O Jogo do Mundo é uma obra-prima literária que oferece uma experiência extraordinária e inovadora aos leitores que se aventuram além dos limites convencionais da narrativa. Contudo, se ainda precisas de mais incentivos para ler esta obra ímpar, vai ver o vídeo da incrível Tatiana Feltrin, e esquece os receios e os preconceitos, e sai da tua zona de conforto. 


Gostaste da resenha sobre o livro O Jogo do Mundo de Julio Cortázar? Então não deixes de partilhar os teus comentários sobre este livro, quero muito saber a tua opinião e conversar sobre esta obra tão marcante e este autor tão importante. 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

2 comentários:

  1. Aquele capítulo 7 😍 arrepiante e emotivo. Só me decidi a ler este grande livro-jogo depois de ficar curiosa com o tal capítulo 7 por vir referido no 📚 Avesso da pele, já leste? Partilho a minha opinião https://efeitodoslivros.blogspot.com/2022/01/o-avesso-da-pele-de-jefferson-tenorio.html

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    1. Sim, o capítulo 7 é qualquer coisa de extraordinária! Mas todo o livro acaba por ser. Esse nunca li, mas fiquei muito curiosa! Vai já para a lista de desejos ;)

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