Sinopse
Otto Anderson está reformado e ainda não se adaptou à ausência da mulher, que morreu há algum tempo. Constantemente a idealizar formas de pôr termo à própria vida, a dor transformou-o numa pessoa quezilenta e amargurada. Mas tudo se altera quando uma família se muda para a casa ao lado da sua. Se, a princípio, a presença dos novos vizinhos é mais um motivo de irritação para Otto, que simultaneamente os despreza e inveja, aos poucos vai-se deixando conquistar pela enorme generosidade e alegria de viver que eles vão demonstrando. É assim que, deixando-se tocar pelo amor e pela amizade, o velho senhor vai retomando o gosto pela existência.
Adaptação de Um Homem Chamado Ove, escrito pelo sueco Fredrik Backman e já adaptado ao grande ecrã em 2015 por Hannes Holm - nomeado para os Óscares de melhor filme estrangeiro e caracterização - este remake tem realização de Marc Forster e argumento de David Magee.
Opinião
Tal como referi em Fevereiro, depois de ter lido o livro Um Homem Chamado Ove, que me surpreendeu e emocionou, fiquei com muita vontade de ver a adaptação americana protagonizada pelo Tom Hanks. Trata-se mesmo de uma adaptação, pois transformaram a realidade sueca na realidade americana, com todas as suas peculiaridades, mas com a intenção de respeitar a mensagem que o autor, Fredrik Backman, quis transmitir com este protagonista tão peculiar.
Começo precisamente pela parte da adaptação, que considero ter sido bem conseguida, mesmo não sendo perfeita. Sobretudo esta substituição por vizinhos latino-americanos, torna-se credível por causa da realidade dos Estados Unidos, mas torna mais difícil a identificação de feitios entre o velho vizinho e a nova vizinha. Além disso, a personalidade do agora Otto é toda colocada como responsabilidade pela perda da mulher, pelo luto que não conseguiu fazer, pela solidão, pelo seu desejo de morrer. Na verdade, quem leu o livro sabe bem que este senhor idoso estava longe de ser uma florzinha, mesmo nos seus dias felizes. A única capaz de o chamar à razão e o obrigar a desistir de lutar pelas suas convicções era a falecida esposa.
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Os traços que permanecem são a sua obstinação, a sua obsessão pelas rotinas, o seu desprezo pelos idiotas, que não são sequer capazes de manobrar um carro com reboque. O início é muito rigoroso, e retrata bem o que encontrei no livro, só mais tarde começam a surgir as diferenças e até deturpações que colocam Otto como um homem mais amigável e simpático. A própria relação com as filhas da vizinha mexicana, Marisol, é exagerada e pouco fiel à obra original. Mas, ainda assim, não deixa de ser fofinho ver a forma como estas crianças se apaixonam por este velho rabugento e o passam a considerar como o avô que nunca tiveram.
A relação com os vizinhos mais antigos também é bem explorada, revelando os laços do passado que uniram as duas famílias, as diferenças que se tornaram maiores à medida que o tempo passou, os conflitos que levaram ao afastamento, pelo menos da parte dos maridos. Só que a verdadeira amizade, a que tem bases sólidas e sentimentos profundos, sobrevive a tudo e é quando Otto percebe que ainda faz falta à sua comunidade, que ainda pode fazer a diferença na vida das pessoas que o rodeiam, é neste momento que entende que o caminho a seguir não é o suicídio.
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O filme tem menos de duas horas e entendo que nunca é possível incluir todos os detalhes que se encontra nos livros, e é por isso que sempre prefiro ler antes a versão completa. No entanto, senti falta que fosse revelado ainda mais o papel essencial e determinante que a esposa de Otto, Sonia, e ele mesmo tiveram na vida do Malcolm ou do Jimmy, jovens que acabam por fazer parte desta comunidade residencial que se entreajuda, que se quer bem e se preocupam uns com os outros, estabelecendo um verdadeiro trabalho de equipa, em conjunto com a Marisol e a sua família.
Um Homem Chamado Otto é um filme familiar, capaz de agradar a todos, crianças, jovens e adultos, que representa a importância da relação entre os elementos de uma mesmo comunidade, do valor da velhice como retrato da experiência de vida e dos conhecimentos adquiridos ao longo dela. A solidão dos idosos, tenham ou não família, é um ponto sensível e que deveria obrigar a que toda a gente pensasse nesse assunto e reflectisse do que podem fazer diferente com os seus. A própria ideia de desejar a morte e de entender que a forma de anular essa vontade é encontrar utilidade, propósito e amor, pode ser uma ideia que floresça no coração de alguém.
Apesar de ter gostado do filme, mesmo com sentimentalismo a mais do que seria necessário, e de te recomendar que vejas, o meu conselho continua a ser que leias primeiro o livro, Um Homem Chamado Ove, para entender melhor a dimensão da história complexa do protagonista, bem como das personagens secundárias que são também elas fascinantes, com histórias de vida marcantes, e que nos fazem entender ainda melhor o quanto Ove é um homem extraordinário, mesmo que rezingão, bruto e intransigente. Já conheces o filme Um Homem Chamado Otto? Foste ver ao Cinema? Viste a versão sueca? Conheces o livro também? Deixa o teu comentário e vamos conversar sobre esta história extraordinária!
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