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terça-feira, 18 de outubro de 2022

#Livros - Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

 

#Livros - Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

Sinopse

Guy Montag é um bombeiro. O seu emprego consiste em destruir livros proibidos e as casas onde esses livros estão escondidos. Ele nunca questiona a destruição causada, e no final do dia regressa para a sua vida apática com a esposa, Mildred, que passa o dia imersa na sua televisão. Um dia, Montag conhece a sua excêntrica vizinha Clarisse e é como se um sopro de vida o despertasse para o mundo. Ela apresenta-o a um passado onde as pessoas viviam sem medo e dá-lhe a conhecer ideias expressas em livros. Quando conhece um professor que lhe fala de um futuro em que as pessoas podem pensar, Montag apercebe-se subitamente do caminho de dissensão que tem de seguir. 

Mais de sessenta anos após a sua publicação, o clássico de Ray Bradbury permanece como uma das contribuições mais brilhantes para a literatura distópica e ainda surpreende pela sua audácia e visão profética. 


Opinião

A pilha de livros da Feira do Livro de Lisboa foi das grandes e, por isso, tenho de começar a fazer-me à vida e continuar a leitura dos livros que me seduziram no maior certame de livros do país. Tenho dado preferência aos mais pequenos e de autores que ainda não li em 2022. Foi seguindo estes critérios que acabei por me dedicar a mais uma distopia famosa no mundo literário, por representar, muitos anos antes, situações que parecem aproximar-se da realidade que hoje vivemos. 


Parecem ter sido escritas como ideias absurdas, improváveis de se tornar realidade, mas que revelam que, se calhar, os seus autores estavam atentos aos sinais e conseguiram perceber para onde se encaminhava a sociedade com as escolhas que fazia na sua época. É fascinante e assustador ler livros que se enquadram nesta categoria. Colocam a nu as fragilidades humanas, como uma sociedade democrática pode ser corrompida quando os cidadãos ignoram os sinais perigosos. 


Podes ler também a minha opinião sobre A Metamorfose


Esta edição da Saída de Emergência é linda de morrer, com pormenores de muito bom gosto, e incluí um prefácio de Jaime Nogueira Pinto e um posfácio de João Seixas que só devem ser lidos caso já tenham lido o livro ou visto o filme. O papel é de excelente qualidade, num tom e com uma fonte confortável de ler. Tenho poucos livros desta editora, mas consigo reconhecer o seu estilo particular e a qualidade nas edições que coloca no mercado e cada vez coloco mais livros deles na minha lista de desejos. 


"Senhor Montag, está a olhar para um cobarde. Eu vi para onde as coisas se estavam a encaminhar, há muito tempo. E não disse nada. Sou um dos inocentes que podiam ter intervindo quando ninguém daca ouvidos aos 'culpados', mas não o fiz e, assim, tornei-me culpado também."


Tudo começa com o nosso protagonista e uma descrição do seu quotidiano como bombeiro. A surpresa está que esta profissão já não tem nada a ver com o que conhecemos hoje. Em Fahrenheit 451, os bombeiros não apagam fogos. Pelo contrário, servem para incendiar todos os livros que ainda se encontram escondidos pelos rebeldes que se escondem no meio das pessoas comuns. Porque nesta sociedade os livros são proibidos, sendo necessário ser destruídos para não corromperem as pessoas nem as sobrecarregar com ideias nocivas e que não entendem. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre 1984


É um mundo onde todos vivem como autómatos, sem pensar por iniciativa própria, acreditando e representando o seu papel na sociedade, fazendo o que todos esperam que façam. Depois do seu trabalho como bombeiro, regressa para casa, onde as paredes são televisões e a sua esposa passa os dias a assistir a programas ruidosos onde acha que representa também um papel. Só que o mundo previsível de Montag muda completamente quando conhece a sua nova vizinha que o encontra na rua e começa a conversar, fazendo perguntas inusitadas, partilhando pensamentos estranhos e mostrando verdadeiro interesse no que ele tem a dizer. 


"Os livros eram apenas um tipo de recetáculo em que guardávamos as coisas que tínhamos medo de perder. Em si mesmos, nada têm de mágico. A magia está no que eles nos dizem, em como nos apresentam uma única peça feita da costura de vários bocados do universo." 


Depois desta jovem desaparecer misteriosamente, a sua mente começa a processar o que realmente acontecia à sua volta e as dúvidas começam a surgir o que o impele a roubar alguns livros dos incêndios em que participa e a levantar suspeitas entre os seus colegas. Ao sentir-se pressionado, procura um velho professor que encontrou em tempos e que lhe deu um cartão. A sua busca por respostas, por descobrir o que se escondia nas páginas proibidas dos livros, leva-o a conhecer um pouco mais sobre o passado, sobre o que levou a que as suas vidas fossem o que eram, e a perceber que existe uma série de pessoas que procuram lutar contra este regime absurdo. 


É uma história fascinante, que nos remete para um universo inconcebível mas que, ao mesmo tempo, parece espelhado em alguns comportamentos actuais, como por exemplo, a forma como estamos viciados nos ecrãs e desligados dos que nos rodeiam. É um livro curto, com uma linguagem acessível e simples mas que nos faz pensar e pôr em causa tudo o que damos como certo, como garantido. Devíamos todos ler a obra-prima de Bradbury, no entanto, se ainda precisas de mais incentivos, aconselho-te os vídeos da Tatiana Feltrin e do Ler Antes de Morrer


Já leste esta distopia? O que retiraste desta leitura? Conseguiste identificar comportamentos actuais? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand | Book Depository

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