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terça-feira, 26 de julho de 2022

#Livros - O Nome da Rosa, de Umberto Eco

 

#Livros - O Nome da Rosa, de Umberto Eco


Sinopse

Uma abadia medieval isolada. Uma comunidade de monges devastada por uma série de crimes. Um frade franciscano que investiga os mistérios de uma biblioteca inacessível. 

Numa edição com desenhos e apontamentos preparatórios do autor, o romance que revelou o génio narrativo de Umberto Eco: traduzido em 60 países com mais de 50 milhões de exemplares vendidos, O Nome da Rosa ganhou o prémio Strega em 1981 e inspirou um filme e uma série de televisão com grande êxito internacional. 

«Os desenhos e as anotações manuscritas do futuro autor de O Nome da Rosa testemunham o trabalho preparatório minucioso antes da redacção do romance. São a confirmação efectiva do afirmado por Eco em Porquê 'O Nome da Rosa'? (1983): «para contar uma história há que começar por construir um mundo, tanto quanto possível recheado até aos últimos pormenores». E o que nos conta, ou melhor, nos antecipa deste mundo o material aqui reproduzido? Em primeiro lugar a identidade, a fisionomia dos principais protagonistas, com o típico traço veloz e arguto do autor, que justificará a sua invenção 'para saber que palavras colocar na sua boca'. Depois, alçados e plantas de abadias, castelos, labirintos, emanados da mente de um soit disant 'medievalista em hibernação', que entretanto se ocupou também de outras coisas.» 


Opinião

Recordo-me de ter lido este livro há muitos anos, ainda adolescente, levada pelo entusiasmo que o filme me deixou, e as vagas lembranças que tenho são muito positivas. Sei que, provavelmente, não entendi tudo, mas o impacto foi de total fascínio e de admiração. Até porque descobri que o filme era muito fiel e se aproximava muito do que o livro contava. Pouca coisa verdadeiramente importante ficou de fora, ainda que a leitura seja sempre uma experiência mais completa e mais rica do que ver apenas o filme. Infelizmente, já tinha visto o filme quando li o livro pela primeira vez e mesmo hoje mantenho muito presente memórias desse filme, o que diminuí um pouco a descoberta do livro. 


Claro que isto não impede a leitura nem é um real impedimento, mas se ainda não viste o filme, não vejas. Lê o livro primeiro, por favor. É que O Nome da Rosa é, em suma, um policial passado na Idade Média, numa Abadia italiana e quando sabemos o final perde-se alguma da emoção. Só que é tão bem escrito, toca assuntos tão interessantes, tem personagens fascinantes, conflitos intemporais e os grandes conflitos da época entre a Igreja e o poder secular, já para não falar dos conflitos dentro da própria Igreja, que é impossível não ler da primeira à última página com entusiasmo. 


Podes ler também a minha opinião sobre Os Pilares da Terra


É um livro denso, repleto de tramas paralelas, sobre o pecado mas sobretudo sobre a natureza humana, que, se pensarmos bem, não mudou muito com o passar do tempo. No centro está a Abadia, que não é apenas um centro de oração, mas na verdade continha a maior biblioteca da cristandade. Assim, muitos eram os visitantes que chegavam atraídos pelos conhecimentos que ali se encerravam e que promoviam as trocas de livros. Portanto, o que acontece é que uma das grandes protagonistas é a Biblioteca, a par com os livros extraordinários e os monges académicos sedentos de saber. 


"Os livros não são feitos para se crer neles, mas para serem submetidos a investigação. Diante de um livro não devemos perguntar-nos que coisa diz, mas que coisa quer dizer, ideia que foi muito clara para os velhos comentadores dos livros sagrados." 


O nosso detective é um franciscano que chega à Abadia para promover um encontro entre grupos em conflito e que se depara com uma sucessão de crimes que acontecem de forma misteriosa. Os pecados dos monges começam logo a ser evidenciados com estas mortes, e o medo assola toda a Abadia. Guilherme, o franciscano, cedo percebe que o mistério está relacionado com a biblioteca à qual ninguém tem acesso, só o bibliotecário. É assim que, junto com o seu jovem ajudante, descobre que o edifício alberga um labirinto que serve para guardar, proteger e esconder os seus segredos. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Os Habsburgos


O livro passa-se em sete dias, dividido pela forma de medir o tempo usado nesses templos religiosos da Idade Média, e é contado por Adso, o jovem ajudante de Guilherme, passados muitos e longos anos, quando ele próprio já é um senhor idoso e pretende deixar registada a história dessas pessoas e desse lugar, mesmo sabendo que nada disso já existe. O próprio autor, Umberto Eco, escreve um prefácio dizendo que o livro que vamos ler foi um manuscrito que ele mesmo encontrou e sobre o qual trabalhou, investigando para nos entregar os eventos vividos pelo misterioso Adso. 


"O diabo não é o príncipe da matéria, o diabo é a arrogância do espírito, a fé sem sorriso, a verdade que nunca é aflorada pela dúvida. O diabo é sombrio porque sabe para onde vai, e, andando, vai sempre para o lugar de onde veio. Tu és o diabo, e como o diabo vives nas trevas."


Além de ser um clássico policial, com muita inspiração no famoso Sherlock Holmes, trata do amor pelo conhecimento, pela descoberta da verdade, pela instrução e pelo livre pensamento. Além disso, temos os conflitos religiosos, os hereges que se espalham e cada vez surgem de forma mais diferente entre si. A dificuldade de continuar a promover a unidade da Igreja, com tantos novos pensamentos, correntes e ordens religiosas que pretendem seguir e defender dogmas diferentes. É uma leitura fascinante, complexa porque tem palavras pouco usadas hoje em dia, além de ter muito latim e outras línguas de origem dos personagens. 


O único reparo que preciso fazer é a falta de notas que traduzam estes elementos e que nos permitam ler de uma forma mais fluída e sem tantas interrupções para procurar outras ferramentas. Penso que não seja falha apenas da minha edição, pois todas as que encontrei no mercado estão da mesma forma e até as brasileiras de que ouvi falar acontece o mesmo. Haverá alguma razão para isso que o comum mortal desconhece? Não acho que devam ser traduzidas no texto, para não se perder a intenção do autor nem a representação do que acontecia na época, mas podiam perfeitamente colocar notas de rodapé com essas traduções, que seriam mais correctas do que as que fazemos no tradutor do Google. 


"O Anticristo pode nascer da própria piedade, do excessivo amor de Deus ou da verdade, como o herege nasce do santo e endemoninhado do vidente. Teme, Adso, os profetas e aqueles que estão dispostos a morrer pela verdade, que de costume fazem morrer muitíssimos com eles, frequentemente antes deles, por vezes em seu lugar." 


Ainda assim, apesar de todas as dificuldades, de todas as camadas que vais encontrar nesta leitura, O Nome da Rosa é um livro que vale muito a pena e que todos deviam conhecer. No entanto, se ainda precisas de incentivos adicionais, podes ver os vídeos da Tatiana Feltrin e do Ler Antes de Morrer. Já leste o livro ou só viste o filme? O que achaste desta história policial? Conseguiste descobrir quem era o assassino antes do final? Conta-me tudo nos comentários! 


Podes encomendar o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribuir para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand | Book Depository 

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