Sinopse
Quem observasse o Brasil em 1822 teria razões de sobra para duvidar da sua viabilidade como nação independente e soberana. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. O medo de uma rebelião dos cativos tirava o sono à minoria branca. O analfabetismo era geral. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil e, para piorar a situação, ao voltar para Portugal, D. João VI deixara os cofres nacionais vazios.
O novo país nascia falido.
As perspetivas de fracasso pareciam bem maiores do que as de sucesso.
Nesta nova obra, o autor de 1808 - sobre a fuga da família real para o Rio de Janeiro -, mostra como o Brasil, que tinha tudo para não resultar, até resultou, numa notável combinação de sorte, improviso, acasos e também de sabedoria das lideranças responsáveis pela condução dos destinos do novo país, naquele momento de grandes sonhos e muitos perigos.
Opinião
Andava de olho neste livro desde o seu lançamento, em 2010, sem nunca ter-me decidido a comprá-lo e sem nunca ter encontrado um exemplar usado que acabasse com as minhas hesitações. Dez anos depois, chegou o momento de isso finalmente acontecer e terminei a leitura com a sensação que quem perdeu fui eu pela demora.
Já é do conhecimento geral a minha paixão por História e por livros, sejam de ficção ou não-ficção, que abordem estes temas tão interessantes e que nos permitem conhecer épocas que não vivemos. Em 1822, Laurentino Gomes apresenta-nos uma História do Brasil que acompanha o que antecedeu à Independência e os acontecimentos mais marcantes que se seguiram, tendo como linha condutora o nosso D. Pedro, que se tornou numa personagem controversa nas duas margens do Atlântico.
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Primeiro, quero destacar a beleza desta edição que além de ter uma capa muito bonita e elegante, tem também uma série de fotos alusivas a todos os acontecimentos retratados e a muitos dos principais protagonistas deste período histórico que implicou uma reviravolta que alterou o curso dos acontecimentos tanto no continente americano como no europeu.
"De forma irónica e imprevista, Portugal completou o ciclo da sua criação nos trópicos: descoberto em 1500 graças ao espírito de aventura do povo lusitano, o Brasil foi transformado em 1808 em razão das fragilidades da Coroa Portuguesa, obrigada a abandonar a sua metrópole para não cair refém de Napoleão Bonaparte; e, finalmente, tornado independente em 1822 pelas divergências entre os próprios portugueses."
Ao longo do livro são desmitificados alguns acontecimentos e revelados o que de facto aconteceu, separando a verdade histórica do mito criado em torno da independência. Afinal de contas, este foi um processo que demorou algum tempo a ser consolidado e não foi recebido de igual forma em todo o território extenso do Brasil. O incrível foi que tenha conseguido manter a sua unidade territorial, resistindo à fragmentação como aconteceu com os territórios espanhóis na América.
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Depois de ter lido a biografia da primeira esposa do Imperador D. Pedro, D. Leopoldina de Habsburgo, foi com agrado que encontrei neste livro uma abordagem bastante interessante sobre o próprio D. Pedro. Afinal de contas, a sua participação na Independência foi determinante e tornou-se o homem que colocou as engrenagens do novo Império a girar com sucesso. Os seus filhos seriam os monarcas reinantes tanto do Brasil como de Portugal e para isso não hesitou em abrir mão de ambas as coroas quando chegou o momento.
"Primeiro imperador do Brasil e 29.º rei de Portugal, D. Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon foi um meteoro que cruzou os céus da História numa noite turbulenta. Deixou para trás um rasto de luz que ainda hoje os estudiosos se esforçam por decifrar."
Este foi um livro fascinante e que me deixou rendida a esta época e com uma vontade imensa de ler os restantes que compõe esta trilogia. São eles 1808, sobre a fuga da família real portuguesa para o Brasil e os impactos em ambos os lados do Atlântico, e 1889, que aborda o fim da Monarquia e o início da República no Brasil. Em suma, se gostas deste tipo de livro, que sendo de não-ficção, aborda temas históricos com rigor mas com uma linguagem acessível e com um estilo prático e simples, aqui tens uma sugestão que acredito que será do teu agrado.
Já leste alguma coisa do autor Laurentino Gomes? Que outros livros históricos aconselhas?
"Não poderia haver ambiente mais adequado para o começo e o fim da existência deste rei que lutou contra tudo e contra todos, fez a independência de um país, reconquistou outro nos campos de batalha, esforçou-se por modernizar as leis e as sociedades que governou, amou muitas mulheres, dedicou-se à política com paixão, foi bom soldado e chefe carismático, viveu à frente do seu tempo e morreu cedo."
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