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terça-feira, 31 de outubro de 2023

#Livros - The Running Grave, de Robert Galbraith

 

A foto de capa do livro "The Running Grave" é uma imagem notável e intrigante que captura a essência da atmosfera sombria e misteriosa do enredo. Em um cais deserto, em tons de cinza, os contornos das figuras dos detetives emergem das sombras, exalando uma presença destemida e determinada. Eles estão posicionados estrategicamente, como se estivessem a ponto de desvendar um enigma ou a solução de um crime. A paleta de cores escolhida para a capa – o verde água que destaca o título do livro, e as letras douradas que exibem o nome do renomado autor Robert Galbraith – proporciona um contraste elegante e sofisticado. O verde água sutil, ao lado do cinza do cais, adiciona um toque de frescor e mistério à composição.  Essa capa instiga a curiosidade do leitor desde o primeiro olhar, prometendo uma narrativa intensa e emocionante, com personagens cativantes lutando para desvendar os segredos ocultos nas profundezas sombrias e complexas da trama. É um convite para uma aventura empolgante que os fãs do gênero não podem resistir.

Sinopse

Ellacott goes undercover in a religious cult to try and rescue a brainwashed young man in the latest addictive page-turner from Robert Galbraith featuring Cormoran Strike. 

Private Detective Cormoran Strike is contacted by a worried father whose son, Will, has gone to join a religious cult in the depths of the Norfolk countryside. The Universal Humanitarian Church is, on the surface, a peaceable organisation that compaigns for a better world. 

Yet Strike discovers that beneath the surface there are deeply sinister undertones and unexplained deaths. 

In order to try to rescue Will, Strike's business partner Robin Ellacott decides to infiltrate the cult and she travels to Norfolk to live incognito amongst them. But in doing so, she is unprepared for the dangers that await her there or for the toll it will take on her. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Ninguém me prende tanto a enredos e personagens como a extraordinária J. K. Rowling. Mesmo depois de me ter recusado a iniciar séries que não estejam concluídas, a única excepção em que caí, quase sem querer, foi a do seu pseudónimo, Robert Galbraith. Desta vez, só foi preciso aguardar um ano pelo sétimo volume da saga Strike, The Running Grave, um emocionante thriller policial, que nos mantém presos desde a primeira página. Nesta obra, regressamos aos detectives Cormoran Strike e Robin Ellacott e à sua agência, que vão aceitar um grande desafio, correndo grandes riscos na missão que vão aceitar, ao mesmo tempo que Strike vai precisar de lidar com os seus próprios demónios e aceitar, por fim, os seus sentimentos. 


The Running Grave apresenta um cenário sombrio e imersivo que transporta os leitores pelas ruas de Londres e pelo ambiente campestre de Norfolk alternadamente, descrevendo ambas as paisagens muito habilmente, demonstrando um conhecimento detalhado sobre os dois lugares. Aliás, a exploração da cidade de Londres já é habitual nesta série, dado que é o principal cenário das vidas e das aventuras desta dupla. A mudança de cenário, desta vez, é motivada pela investigação a uma Igreja misteriosa, que parece isolar os seus elementos das famílias e amigos do exterior e que aparenta ter uma predilecção por pessoas com meios financeiros, que acabam por ser entregues aos seus líderes como doação. O caso chega-lhes através dum pai que perdeu o contacto com o filho mais novo desde que este decidiu ir para esta Igreja, não voltando a falar com a família nem quando foi informado da doença e da morte da mãe. 


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Depois de ter despedido a agência rival de Strike, decide contratar os nossos detectives favoritos com o propósito de procurar libertar o jovem Will das garras desta Igreja manipuladora. Cientes da dificuldade desta missão, ainda assim, aceitam o caso e a abordagem escolhida, mais do que vigiar e entrevistar pessoas, será infiltrar alguém dentro da Igreja para poder entender melhor o que lá se passa e tentar uma aproximação ao jovem. Robin acredita que é a pessoa certa para esta missão e faz de tudo para convencer o seu sócio disso mesmo, contornando as suas reservas e preocupações com a sua segurança física caso seja descoberta. Lutando e negando os seus sentimentos por Robin, Strike decide confiar nas capacidades da sua sócia e elabora um plano para que ela se possa infiltrar com o mínimo risco de ser descoberta e garantindo um plano de fuga, para que possa sair de lá no momento em que quiser. 


"Look, I know you think I think she was perfect, but of course I bloody don't. D'you think I look at the kind of mother you are, and remember what she was, and can't see the difference?"


Inicialmente, parece não existir mistério a desvendar, porque sabemos logo quem são os vilões da história. Só que, à medida que a narrativa avança, começamos a perceber que existe uma morte que precisa duma melhor explicação e cujos contornos e autores são uma incógnita. Percebemos que esta é uma dúvida que existe na mente de Cormoran desde muito cedo, mas as descobertas de Robin dentro da organização alimentam ainda mais as suas dúvidas, bem como as entrevistas que consegue fazer com elementos que saíram desta Igreja ao longo dos anos e que ainda se encontram vivos. A dada altura o que nos prende é acompanhar a Robin infiltrada, perceber os riscos que corre até ter a certeza de que ela se vai safar daquela situação que parece ser impossível. Depois, é tentar descobrir para onde se encaminha a investigação e a que conclusões macabras irão chegar. 


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O tema é arrojado para um romance policial, dado que não é habitual encontrarmos um culto religioso neste tipo de livros. Mas a verdade é que a autora nos consegue prender às intrigas desta ceita duma forma entusiasmante, gerando choque, repugnância, náusea, mas, ainda assim, não conseguimos parar de ler. Penso que todos os que nunca se viram envolvidos em organizações deste género têm algumas ideias pré-concebidas do que lá acontece, mas neste livro parece que mergulhamos nos meandros mais obscuros, entendendo as fórmulas utilizadas para manipular as pessoas, prendê-las por sua aparente vontade e mantê-las desprovidas de raciocínio e pensamento crítico. É uma verdadeira lavagem cerebral, encerrando as pessoas numa bolha e fazendo com que deixem de se sentir capazes de viver na sociedade onde sempre se movimentaram. 


"Yet again, she'd been forced to face the difficulty of reconciling any kind of normal personal life with her chosen line of work. She'd thought it might be easier with Ryan, given his profession, but there she was again, justifying commitments she knew he wouldn't have given a second thought to, had he been the one making them."


Com The Running Grave, J. K. Rowling demonstra mais uma vez as suas extraordinárias habilidades literárias. Com uma narrativa envolvente e meticulosamente construída, rica em detalhes ao ponto de nos conseguirmos imaginar naqueles cenários e situações sinistros, presenteia-nos com personagens complexos e bem desenvolvidos, cada um com a sua própria voz e motivações, mesmo os que nos são apresentados na dinâmica da investigação. Além disso, a sua habilidade em criar reviravoltas e mistérios estimulantes mantém o leitor constantemente intrigado e ávido por descobrir a verdade. A sua escrita elegante e precisa cativa o leitor e leva-nos numa jornada emocionante e cheia de suspense, onde cada palavra é cuidadosamente escolhida para construir uma atmosfera sombria e tensa. A forma como a autora aborda temas contemporâneos, explorando questões sociais relevantes, também é notável. 


A sua capacidade de entrelaçar tramas e subtramas de forma criativa e surpreendente faz de The Running Grave uma leitura obrigatória para os fãs do género e estabelece o pseudónimo Galbraith como um mestre do policial. A combinação perfeita entre suspense, investigação e elementos psicológicos faz com que esta obra seja um verdadeiro deleite para os amantes do género. Fica aqui mais uma vez a prova do talento de Rowling, assinando como Galbraith, para criar uma história complexa e intrigante que nos mantém colados às páginas em busca de respostas. Já tiveste a oportunidade de mergulhar neste fascinante universo da saga Strike? E o sétimo volume, já leste ou estás à espera pela tradução portuguesa? Partilha a tua opinião nos comentários abaixo e vamos começar a discussão sobre esta narrativa fascinante e viciante! 


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Wook | Bertrand 

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