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terça-feira, 30 de maio de 2023

#Livros - Steve Jobs, de Walter Isaacson

 

#Livros - Steve Jobs, de Walter Isaacson

Sinopse

No 10º aniversário da morte de Steve Jobs, recuperamos um percurso de vida marcado pelo inconformismo, por conquistas, sucessos e discursos apaixonantes. Deles é feita a história da Apple e de uma figura incontornável no mundo da tecnologia e dos negócios. 

Walter Isaacson escreveu, em 2011, a única biografia autorizada de Steve Jobs baseando-se em dezenas de entrevistas ao líder da Apple, aos seus familiares, amigos, colegas e até adversários. O resultado é uma história de vida fascinante e intensa, marcada pela personalidade invulgar de um empreendedor criativo, determinado e perfeccionista. 

Steve Jobs colaborou activamente no processo de criação desta biografia, partilhando experiências até então nunca reveladas, com uma transparência e sinceridade inesperadas. Porque não temia a verdade, Jobs não impôs quaisquer limites ao biógrafo e aceitou falar de tudo. 

Igualmente reveladoras são as impressões dos seus amigos, companheiros e colegas, que contribuíram para formar a imagem de um homem apaixonado, complexo e genial, nos negócios e na vida. Apoiado no inconformismo e numa vontade férrea, Steve Jobs revolucionou a indústria dos computadores, dos filmes de animação, da música e dos telefones. Transformou o modo como nos relacionamos com a tecnologia e deixou ao mundo um importantíssimo legado de inovação e criatividade. 


Opinião 

Depois de ter entrado em contacto com o trabalho de Walter Isaacson em 2019, com a biografia extraordinária sobre Leonardo da Vinci, fiquei com a certeza do talento do autor dentro deste género literário e com uma vontade imensa de ler tudo o que escreveu, sobretudo porque escolhe personalidades geniais para biografar. O facto do controverso Steve Jobs ter autorizado esta biografia deixou-me um pouco de pé atrás, pois é normal existirem omissões ou concessões feitas pelo autor em respeito ao biografado que permite que se escreva e colabora com os seus relatos. Não achei que fosse o caso nesta biografia, que não deixou de procurar os testemunhos de pessoas que estavam ou estiveram em conflito com Jobs e incluiu as versões dos envolvidos, mesmo quando eram diferentes ou totalmente opostas às de Steve Jobs. 


Este é um verdadeiro calhamaço, daqueles que metem respeito, com mais de setecentas páginas, mas que entregam tanto que o difícil é perceber que se chegou ao fim, que a vida desta figura genial terminou cedo de mais e que não poderá continuar a construir o nosso futuro através da sua imaginação e da sua determinação de colocar em prática o que apenas parece possível no mundo do sonho. Foi muito curioso perceber que a sua mente funcionava muito como a de Leonardo, imaginando o que seria o quotidiano das pessoas quando ninguém achava que isso seria possível. A grande diferença é que a evolução tecnológica estava a acontecer no tempo de vida de Jobs e ele usou todas essas invenções aleatórias e avulsas para construir e trazer para vida da pessoa comum as ferramentas que ele sabia que seriam necessárias, úteis, imprescindíveis, ainda que nós não o soubéssemos. 


Podes ler também a minha opinião sobre Pessoa. Uma Biografia


Mas tudo começa do início, com a infância e a juventude de Jobs, que cresceu com os pais que, sem poderem ter filhos biológicos, decidem adoptar e que lhe permitem um desenvolvimento das suas capacidades cognitivas, sem inibir ou condicionar a sua curiosidade e o seu desejo de descobrir e saber mais sobre os assuntos que verdadeiramente lhe interessam. Com o pai que lhe deu o apelido aprende a importância do design e dos pormenores, mesmo quando não são visíveis, fruto da paixão que Paul Jobs tinha por automóveis, paixão que não conseguiu transmitir ao seu filho como era seu desejo. Ainda assim, fica a certeza de que os ensinamentos transmitidos e as horas passadas na garagem e na busca da peça necessária serviram para moldar a sua personalidade e a forma como iria encarar os negócios enquanto homem adulto. 


"Durante a sua carreira, Steve Jobs ficou conhecido por criar grandes produtos. No entanto, a sua capacidade para criar grandes empresas, com marcas valiosas, era igualmente significativa. Ele criou duas das melhores da sua época - a Apple e a Pixar." 


Além desta curiosidade que foi alimentada e, de certo modo, incentivada, temos ainda de contar com o facto de ter crescido na zona da Califórnia onde se estava a dar a revolução tecnológica, onde surgiam as grandes empresas do sector informático, onde se reuniam os melhores profissionais. Ainda não era um sector global, mas era o início das descobertas que iriam permitir a globalização da computação pessoal e tudo o que se seguiu. Foi neste ambiente que conheceu o outro fundador da Apple, engenheiro brilhante, capaz de colocar em prática muito do que Jobs imaginava e queria que fosse real. Wozniak é essencial para a criação das primeiras tecnologias da marca Apple, que foram um sucesso e fonte de receita por muitos e longos anos, mas a verdade é que, tirando a paixão pelos computadores, os dois Steves não podiam ser mais diferentes. Jobs acreditava e lutou pela integração de todos os elementos, hardware e software; Wozniak era da corrente hacker e acreditava que o prazer dos utilizadores estaria em poder alterar o que compravam e até teria sido capaz de oferecer as suas inovações a quem as quisesse utilizar sem com isso obter qualquer lucro. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre A Biografia de Calouste Gulbenkian


Os relatos não são meigos e a personalidade complexa e pouco empática de Jobs é posta a nu e revela todas as consequências que daí advinham. Por um lado, o seu lado brutal fazia com que fosse muito difícil lidar com ele enquanto chefe, pois era capaz de destruir uma pessoa em poucos segundos, em frentes dos colegas ou de quem estivesse presente. Por outro, o facto de acreditar no que era considerado por todos impossível, fazia com que os que trabalhavam com ele ultrapassem as barreiras da realidade e alcançassem a genialidade, ainda que com incredulidade. Foi com esta combinação explosiva e incompreendida que foram concretizados alguns dos produtos mais icónicos e fascinantes da Apple e, mais tarde, também da Pixar. Claro que este temperamento, combinado com a juventude e com uma arrogância inata não poderiam trazer só coisas boas, e Steve Jobs acabou afastado da sua própria empresa. Essa travessia do deserto serviu para crescer, aprender, investir em negócios onde tentou aplicar tudo o que acreditava, perceber o que não era viável, o que não seria sinónimo de sucesso, e para criar outra das empresas mais icónicas do século XX, a Pixar. 


"A personalidade de Steve Jobs reflectia-se em todos os produtos que criava. A filosofia da Apple, desde o Macintosh original em 1984 ao iPad uma geração depois, assentava na integração extremo-a-extremo do hardware e do software, e o mesmo se passava com o próprio Steve Jobs: a sua personalidade, as suas paixões, o seu perfeccionismo, os seus demónios, os seus desejos, o seu espírito artístico, a sua crueldade, e a sua obsessão pelo controlo estavam interligados na sua abordagem aos negócios e aos produtos inovadores que desenvolveu." 


Em 1996, o seu destino volta a cruzar-se com a Apple, que se encontrava numa grave crise. As direcções passaram a procurar o lucro e deixaram de se preocupar com o propósito da marca o que quase a levou à destruição. É neste regresso que se cimenta definitivamente o espírito Apple, onde os produtos recebem a importância que merecem e o foco passa a estar em menos variedade e mais na qualidade e no diferencial que podem oferecer ao cliente. Será nesta fase que as suas visões mais inacreditáveis se concretizam e que a sua filosofia controladora revela poder ser um caminho válido nesta nova fase de desenvolvimentos tecnológicos. Da sua visão, aliada aos melhores profissionais que leva sempre ao limite, são apresentados os revolucionários iPod, iPhone e iPad. A sua genialidade deixou a sua marca em vários sectores, criou empresas com um propósito tão forte que sobrevive mesmo após a sua partida, abriu o caminho do que seria o futuro tecnológico e, depois de ler tudo o que a sua mente foi capaz de construir, só posso lamentar a sua partida tão precoce e pensar no que ainda nos entregaria se tivesse vivido mais anos com saúde. Não era uma pessoa amável, fácil de lidar, nem tão pouco agradável de conviver; mas foi um homem inspirador e revolucionário, disposto a tudo para defender o que achava certo. 


Já leste esta biografia de Steve Jobs? Gostas deste género literário? O que pensas sobre o fundador da Apple? Tens consciência da sua importância? Comenta e vamos conversar sobre esta figura incontornável da História! 


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Wook | Bertrand 

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