Sinopse
Carlos e Amapola conhecem-se em Cascais, durante o Verão de 1879. Ela tem uma casa de férias no Monte Estoril, ele instala-se, como habitualmente, na Cidadela daquela vila. Amapola de la Gran Torre Caminha de Castro é uma fidalga luso-galega, de apregoadas grandes origens, mas estatuto mediano. Dom Carlos é o primogénito de Dom Luís I e de Dona Maria Pia e, como tal, o herdeiro do trono, futuro rei de Portugal. É esta a distância que os separa.
Une-os, porém, o mesmo apego à arte e à cultura, nomeadamente à pintura, a que ambos gostam de entregar-se. E, sobretudo, enlaça-os uma paixão avassaladora, que os obriga a fugir juntos e a enfrentar as amargas consequências do seu desvaire. Uma azeda discussão vem interromper o seu idílio - a distância, afinal, não é apenas de estatuto, mas também de valores -, a que logo se junta o inesperado noivado de Dom Carlos com uma princesa estrangeira.
Apesar de desolada e de coração partido, Amapola é levada a desposar um antigo pretendente, e a vida do príncipe real e da fidalga luso-galega segue, aparentemente, em paralelo, sem pontos de contacto. Mas estará o seu grande amor esquecido? Conseguirão eles resistir à atração que os ata um ao outro?
Opinião
Este livro foi-me gentilmente cedido, a meu pedido, pela Bertrand Editora, o que, como é hábito, não terá influência na opinião aqui partilhada. Como apaixonada por romances históricos que sou, não poderia ignorar um novo título do género. Já conhecia o trabalho da autora, embora ainda não me tenha arrebatado, por isso, quando percebi que seria lançado este livro sobre o rei Dom Carlos não resisti.
A premissa é contar sobre o primeiro amor do ainda príncipe herdeiro por uma nobre de linhagem inferior, que nunca poderia ser considerada uma verdadeira candidata a futura rainha de Portugal. Afinal, esse lugar deveria ser ocupado por uma princesa estrangeira que forjasse uma aliança para o país. Nunca seria considerado um casamento por amor, que não trouxesse agregado mais nenhum benefício para o país e para a monarquia, tão necessitada esta última de ganhar popularidade.
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Amapola é uma jovem singular, determinada e culta, que cai de amores pelo herdeiro do trono assim que o conhece em Cascais, durante o Verão. O que poderia ser um mero amor de Verão, uma fascinação mútua de dois jovens no início da vida, sem consequências futuras, revela-se mais forte e persistente do que qualquer pessoa poderia prever. O tempo passa, outras estações se sucedem, mas nenhum consegue tirar o outro da cabeça e do coração.
"O vosso tudo sois vós mesma, a única pessoa com quem tereis de conviver a vida toda. Um dia sabereis que a vossa pessoa deve bastar-vos, pois só a nós mesmos temos por certo."
Vão encontrando formas originais de se encontrarem, mas nunca mais como naquele primeiro Verão. Os compromissos do príncipe colocam-se entre ambos e cada vez é mais difícil manter o contacto e de uma forma discreta. O que resulta na descoberta deste amor pelas famílias de ambos que tratam de tomar providências para terminar de uma vez por todas com algo que pode comprometer o futuro de ambos.
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Tudo se adensa a partir daqui e os eventos sucedem-se de forma inesperada. A verdade é que o amor que os une não é suficiente para os manter juntos por muito tempo. Além das convenções e interesses que os separam, o carácter e as convicções de cada um desempenham um papel muito importante no inevitável afastamento, que parece nunca ser totalmente definitivo. É um amor bonito este, talvez mais próximo da paixão, mas que perdura nos anos e lhes reservou uma lembrança das loucuras que cometeram um pelo outro.
"Amapola confundia-se num misto de emoções: por um lado, lutava pudicamente contra as suas sensações, por outro, os éteres do amor tomavam conta do seu físico e dos seus gestos. Era como se ela se dividisse entre optar pela virtude e pelo pecado."
Esta é uma leitura ligeira, mas que nos dá um retrato interessante sobre a família real da época, revelando alguns aspectos curiosos, como a relação dos reis e o temperamento do jovem Carlos. No início, nos primeiros capítulos, voltei a ficar com a sensação de que a autora estava a criar diálogos forçados e desnecessários, mas a sensação foi-se dissipando conforme a leitura prosseguiu e no final posso dizer que gostei bastante deste livro.
Já leste algum livro da Maria João? Qual o teu favorito?
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