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terça-feira, 19 de novembro de 2019

#Livros - O Alienista, de Machado de Assis


#Livros - O Alienista, de Machado de Assis

Sinopse

Simão Bacamarte, médico, decide dedicar-se inteiramente ao estudo da loucura. Em Itaguaí, sua terra natal, funda um hospício - a Casa Verde. Apresentado o alienista, quem serão os alienados? Autorizado pelas autoridades, passa a internar todos aqueles a quem aponta sinais de insanidade. Ninguém escapa: os que têm a mania de orar, os vaidosos, os que são demasiado gentis, os que emprestam dinheiro e até a sua própria esposa. A população revolta-se. É tempo do Dr. Bacamarte mudar o diagnóstico: afinal, loucos são os de mente equilibrada, as pessoas modestas e honestas. E se, afinal, o alienista for o alienado? 

Quais as fronteiras entre a loucura e a razão? Este é um livro em que, uma vez mais, Machado de Assis conquista o leitor pela sua maestria de escrita, com recurso à ironia, à metáfora, à sua visão pessimista e ao seu cepticismo. 
O Alienista é uma das narrativas mais célebres de Machado de Assis, um dos autores essenciais da literatura universal. As fronteiras entre a sanidade e a loucura, numa prosa absolutamente fascinante. 

Opinião

Este é certamente o conto mais famoso de Machado de Assis e aquele que mais me despertava a curiosidade, até porque é muitas vezes recomendado como porta de entrada para a obra deste autor brasileiro. E, apesar de já ter começado com os romances, não poderia estar mais de acordo, especialmente para quem não tem a certeza de que irá gostar ou perceber a sua escrita e para todos os que não têm ainda o hábito de leitura bem estabelecido. 

Aviso já que, caso a vossa edição tenha algum prefácio, tenham cuidado para evitarem spoilers indesejados. Regra geral, não é coisa que me incomode muito, sobretudo quando se tratam de livros escritos há mais de cem anos, só que, neste caso particular, saber o final acaba um pouco com a descoberta que vamos fazendo ao longo das páginas de forma mais subtil ou mais óbvia. 

Podes ler a minha opinião sobre Dom Casmurro

Sou uma fã declarada da cultura brasileira mas dou por mim cada vez mais rendida ao talento de Machado de Assis e sempre com a vontade dobrada de ler mais e mais. Com O Alienista, fica clara a fina ironia que usa nos seus textos e como consegue tornar divertida qualquer narrativa, por mais insana que seja, sem perder qualquer credibilidade com o que quer contar. 

A ironia começa com a descrição da cidade onde tudo vai acontecer e com a apresentação do nosso protagonista, acabado de chegar à sua terra natal, sem esquecer o episódio do seu casamento, até à implementação do seu projecto para tratar os loucos da cidade, criando a Casa Verde com a ajuda e apoio financeiro da autarquia. 

Vê também a minha lista de 20 Clássicos que me faltam ler

O nosso médico peculiar começa por internar os que estavam diagnosticados com problemas de saúde mental e não tinham onde se tratar, ficando obcecado por descobrir as causas da loucura o que o leva a começar a instalar na sua Casa todos os que perdiam o controlo de alguma forma e, desse modo, fugiam da norma e do comportamento que se espera em sociedade. 

Depois de ter à sua guarda quase a totalidade dos habitantes da cidade, incluindo a sua mulher, e sem conseguir chegar a nenhuma conclusão, decide libertar os ditos loucos e abraça outro ponto de vista para esse desafio de doidos. É assim que acaba por internar os habitantes que antes eram considerados normais e saudáveis, numa total inversão da ordem anteriormente estabelecida. Nesse ponto, só conseguimos pensar, onde irá parar esta busca pela causa da loucura nos Homens? 

Conhece o vídeo do Ler Antes de Morrer sobre O Alienista

Que livro espectacular e perfeito para ler num só dia! Tenho uma edição antiga e que, embora seja muito porreira, não me impede de desejar muito pela que está na foto, da Guerra e Paz. Aliás, pudesse eu e fazia esta colecção completa de clássicos da literatura. Quanto a ti, que livros já leste de Machado de Assis? Qual o teu favorito? 

"Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatómicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista: estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas, - únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte." 

Podes encomendar o teu exemplar na Wook, com 10% de desconto em cartão.  

2 comentários:

  1. Nunca li Machado de Assis :( Mas sendo um conto, se calhar acho que vou mesmo começar por este!

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    1. E quer-me parecer que vais apreciar o seu estilo irónico ;)

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