Sinopse
«As Cidades Invisíveis apresenta-se como uma série de relatos de viagem que Marco Polo faz a Kublai Kan, imperador dos tártaros. [...] A este imperador melancólico, que percebeu que o seu poder ilimitado conta pouco num mundo que caminha em direcção à ruína, um viajante visionário fala de cidades impossíveis, por exemplo, uma cidade microscópica que se expande, se expande até que termina formada por muitas cidades concêntricas em expansão, uma cidade teia de aranha suspensa sobre um abismo, ou uma cidade bidimensional como Moriana. [...] Creio que o livro não evoca apenas uma ideia atemporal de cidade, mas que desenvolve, ora implícita ora explicitamente, uma discussão sobre a cidade moderna. [...] Penso ter escrito algo como um último poema de amor às cidades, quando é cada vez mais difícil vivê-las como cidades.»
Italo Calvino
Opinião
Este ano está a ser o ano dos Clássicos e tem sido um investimento de tempo muito bem empregue. Existem livros intemporais e que nunca irão passar de moda, por muito que os anos passem. É certamente o caso deste livro de Italo Calvino que fiquei a conhecer através da talentosa Tatiana Feltrin, embora seja inegável que as edições brasileiras são um caso sério de qualidade. Eu sei que também existem em Portugal, mas são bem mais raras.Estamos perante um livro peculiar porque não nos conta nenhuma história comum, como as que estamos habituados. Acompanhamos uma conversa entre os famosos Marco Polo e Kublai Kan, onde as cidades tomam o protagonismo como verdadeiras personagens. Os relatos das suas viagens fazem Marco Polo contar com detalhes sobre as cidades por onde passou.
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Cada cidade tem a sua descrição repleta de fantasia e poesia, embora seja escrito em prosa. Tudo se passa muito mais perto da imaginação do que dos objectos reais que vemos com os olhos nas cidades que conhecemos. No fundo, está mais perto da crítica social dos comportamentos que se encontram nos lugares e que se concretizam em consequências para quem por lá passa.
"As cidades como os sonhos são construídas de desejos e de medos, embora o fio do seu discurso seja secreto, as suas regras absurdas, as perspectivas enganosas, e todas as coisas escondam outra."
Não é um livro fácil nem de compreensão óbvia. É preciso encarar esta leitura com abertura de espírito e ser capaz de viajar pelos caminhos que o autor nos propõe. É um exercício muito agradável mas para o qual temos pouca prática. Tudo isto nos obriga a sair das nossas zonas de conforto e procurar pensar fora da norma.
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É importante não esquecer que estamos perante um diálogo entre duas pessoas que, no início, apenas se comunicavam por gestos e através dos objectos. Talvez isso mesmo potencie as descrições fantásticas e ao mesmo tempo vagas sobre as cidades. Porque a cada leitura tenho a certeza de que irei perceber esses textos de forma diferente, tal como cada pessoa o fará.
Para uma análise do autor, da obra e deste livro em particular podes ver o vídeo Literatura Fundamental da UNIVESP
Não fiquei imediatamente apaixonada por este livro, mas adorei o desafio de o ler e tenho a certeza de que voltarei a pegar neste livro e outras perspectivas serão encontradas. E tu? Já leste algum livro de Italo Calvino? O que pensas sobre este autor italiano?
"O viajante reconhece o pouco que é seu, descobrindo o muito que não teve nem terá."
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