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terça-feira, 20 de agosto de 2019

#Livros - O Homem Mais Rico do Mundo, de Jonathan Conlin


#Livros - O Homem Mais Rico do Mundo, de Jonathan Conlin A biografia de Calouste Gulbenkian nos 150 anos do seu nascimento

Sinopse

Escrita com total acesso aos arquivos da Fundação Gulbenkian, esta é a biografia de um homem complexo, no aniversário dos 150 anos do seu nascimento. 

Conhecido como o Senhor Cinco por Cento, a sua vida privada é tão elusiva e bizantina quanto a sua forma de negociar: as mulheres de que se fazia acompanhar, os negócio com Estaline, a forma como usava a sua mulher, a encantadora Nevarte, para aprofundar relacionamentos e alianças, a sua paixão por arte. 

Em Portugal e no mundo, o seu nome estará sempre associado ao mecenato e à maior e mais importante colecção privada de arte do país, exposta na Fundação Calouste Gulbenkian.

Opinião

Continuo com dedicação nesta saga de leitura de biografias de personalidades fascinantes e inspiradoras e devo dizer que tem sido uma experiência incrível e muito enriquecedora. Tanto que te aconselho a seguir o meu exemplo e a dares uma oportunidade a este género literário tão pouco valorizado em Portugal.

O protagonista deste livro, Calouste Gulbenkian, e a sua vida não são propriamente uma novidade total por aqui. Recordo que tive oportunidade de ler e opinar sobre a versão romanceada da vida deste homem misterioso escrita por José Rodrigues dos Santos, o que já foi uma grande aventura. Desta vez, a viagem trilhou o caminho dos factos e não falta assunto na vida deste senhor rigoroso e exigente.

Relembro-te também que esta foi uma das sugestões entre as novidades para leres nas férias, post que foi para o ar em Maio. Fiquei tão interessada neste livro que, mal o apanhei com um desconto de 20%, tratei de o trazer para casa no mês de Junho. A minha curiosidade levou a melhor e este saltou para o topo da minha lista de desejos e só descansei quando o vi na minha estante e só senti a minha curiosidade acalmada quando terminei a leitura.

Podes ler a opinião sobre O Homem de Constantinopla

Este livro encontra-se dividido em três partes bem representativas das diferentes fases da vida de Gulbenkian. Começamos por conhecer as origens da família na Turquia e como viveu a infância e juventude no seu país de origem, bem como a educação na Europa e o papel fundamental dessas viagens para o seu percurso. Resumindo, esta primeira parte conta-nos sobre as bases fundadoras do seu início de vida pessoal e profissional e do seu carácter tão peculiar.

Na segunda parte, somos conduzidos pela sua ascensão desde um ambicioso jovem, dotado das ferramentas herdadas e algumas já construídas por si, e com um propósito muito definido de alcançar o sucesso. A subida é a pique e só termina quando se torna numa lenda como o homem mais rico do mundo ou Senhor Cinco por Cento, títulos pelos quais ficou conhecido na imprensa da época. Os meandros do mundo do petróleo também são apresentados, sem se tornar demasiado técnico e incompreensível por leigos, além da relação peculiar com a família.

Por fim, ficamos a conhecer a fase final da sua vida, quando decide aguardar pelo final da guerra em Lisboa e se encanta pelo país de um modo tal que o escolheu para morar até à sua morte e cá deixou a sua fundação que lhe permitiu alcançar o grande sonho da sua vida, a imortalidade. Usando a fortuna que ganhou nos negócios, maioritariamente do petróleo, reúne uma colecção de obras de arte das mais variadas formas, de diferentes épocas e estilos, e transforma essa colecção num legado para o mundo e para Portugal em particular.

Podes ler a opinião sobre Um Milionário em Lisboa

A pesquisa feita por Jonathan Conlin foi minuciosa e contou com o acesso total aos arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian para se documentar e, deste modo, acaba por desmontar muitos dos mitos que foram construídos pela imprensa durante os anos em que viveu a fugir deles e depois da sua morte pela imagem que o seu filho criou para romantizar os actos do pai com quem teve uma relação conturbada e inconstante.

No entanto, não foi só com o seu filho que as relações eram problemáticas. A relação com a mulher estava longe de ser tradicional pois, desde cedo, passavam pouco tempo sob o mesmo tecto. Tratava-se mais de uma relação social do que íntima. A própria filha vivia subjugada pela força da vontade de mandar do pai e foi ter a sua fase de rebeldia já bem mais tarde, depois do casamento e do nascimento do filho. No fundo, aqui retrata-se a personalidade brilhante do homem de negócios, mas também os aspectos que dificultavam a convivência com o homem na sua vida privada.

As obras de arte não são nunca esquecidas, nem por Gulbenkian nem pelo autor. A sua relação com essas peças é a de um pai que quer proteger os filhos. Protector dos seus tesouros, mas orgulhoso deles em simultâneo. No auge da sua vitalidade, constrói um palácio em Paris para albergar a sua colecção com as melhores condições que existiam na época. Contudo, nunca chegou a reunir completamente todas as suas peças, pois sempre tinha algumas emprestadas em algum museu ou exposição em qualquer lugar prestigiante e onde seriam devidamente apreciadas.

Esta é uma edição de extremo bom gosto e podemos ver algumas fotos de peças da sua colecção a ilustrar o livro. Além de ser muito bem escrito, de uma forma que dá vontade de ler sempre mais, também é um livro confortável de ler, dado importante quando estamos a falar de um livro com quase quinhentas páginas. Possui também uma genealogia da sua família e mapas ilustrativos do seu mundo. Enfim, uma preciosidade dos tempos modernos no que toca às biografias.

Pela minha parte, fiquei muito satisfeita com a experiência de leitura deste livro e recomendo a todos que queiram saber mais do filantropo que nos deixou uma fundação que tanto contribuiu para o desenvolvimento cultural de Portugal. Vais aceitar este desafio? 

"Como foi que um homem que nada sabia de geologia e que nunca visitou o Iraque, a Arábia Saudita ou qualquer dos Estados do Golfo reivindicou 5 por cento da produção de petróleo do Médio Oriente? Tendo assegurado esse prémio, como foi que conseguiu conservá-lo, tornando-se assim o homem mais rico do mundo? Como foi que um tímido solitário lançou pontes sobre os fossos entre o Oriente e o Ocidente que hoje parecem intransponíveis?"

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"A maior ironia da carreira de Gulbenkian é que, tendo passado trinta anos a consolidar a indústria internacional do petróleo numa só entidade administrada  por algumas «irmãs», passou os últimos vinte e cinco anos a lutar desesperadamente para não ser esmagado por elas, chegando até a ser recordado como um obstáculo teimoso ao prosseguimento da consolidação."

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