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terça-feira, 2 de outubro de 2018

#Livros - O Juramento da Rainha, de C. W. Gortner


#Livros - O Juramento da Rainha, de C. W. Gortner

Sinopse

Isabel é apenas uma adolescente quando a forçam a tornar-se um peão numa conspiração para destronar o seu meio-irmão, o rei Henrique. Acusada de traição e posta cativa, aos dezassete anos vê-se subitamente coroada rainha de Castela, o maior reino de Espanha.

Mergulhada num conflito mortal para manter o trono, está determinada a casar-se com o único homem que ama, mas que lhe é proibido: Fernando, príncipe de Aragão. Quando decidem unir os reinos de ambos sob o lema «uma só coroa, um só país, uma só fé», Isabel e Fernando deparam-se com uma Espanha empobrecida e cercada por inimigo. 

Com um grande interesse pela descoberta do desconhecido, deixa-se apaixonar pela visão de um enigmático navegador chamado Colombo. 
Mas quando os mouros do reino de Granada declaram guerra, tem lugar uma violenta e terrível batalha contra um antigo adversário, que irá testar toda a determinação, a coragem e a crença tenaz que Isabel tem no seu destino.

Opinião
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De regresso ao livro do dia, vamos falar sobre um livro que já referi quando comentei o livro de Philippa Gregory sobre Catarina de Aragão. É que, apesar desse livro ser sobre os Tudor, tem um grande foco na corte espanhola e nos reis católicos, o que alimentou a minha curiosidade sobre esse casal tão famoso e que dominou a Europa do seu tempo.

Foi deste modo que encontrei este livro de C. W. Gortner, autor que também tem livros sobre os Tudor e outras figuras históricas de grande interesse e que já estão todos na minha wishlist. Como autor de romances históricos já ganhou um lugar no meu coração e as suas ascendências espanholas fazem perceber o seu interesse por esta rainha tão icónica e que exerceu a governação por direito próprio, além de ter iniciado o processo de unificação da Espanha.

O livro começa com uma Isabel adolescente, após a morte do pai e que foi afastada da corte, junto com o irmão mais novo e a sua mãe portuguesa, depois do seu meio-irmão ter assumido o trono de Castela. Os jovens crescem afastados da turbulenta corte e dos vícios que circundam o novo rei, vivendo de forma frugal e sem acesso aos luxos que o seu nascimento lhes deveria conferir.

Crescem em sossego, até que as dúvidas quanto à paternidade da filha da rainha suscita cada vez mais dúvidas e os descontentes com o rei começam a procurar uma figura em torno da qual possam conspirar. Tudo se conjuga para depor o rei Henrique e colocar no seu lugar o irmão de Isabel. Mas o actual rei não está sozinho e consegue evitar o golpe de estado e o jovem príncipe acaba por morrer como traidor, deixando Isabel ainda mais sozinha e como figura central das próximas conspirações.

No entanto, a jovem princesa Isabel não estava disposta a arriscar o seu pescoço nas conspirações urdidas por outros e onde os seus interesses não eram o mais importante. Aliás, apesar de ser uma jovem mulher, nunca permitiu que pairasse a dúvida de que alguém iria conduzir o seu destino ou o seu país, uma vez que fosse coroada rainha de Castela.

A primeira decisão que tomou, ainda como herdeira do seu irmão, foi a escolha daquele que seria seu marido. Quando todos eram contra, decide que Fernando de Aragão será seu marido e só descansa quando formaliza essa união. Contudo, sendo ambos futuros reis, conseguem manter Castela e Aragão separadas e independentes do seu casamento, aumentando o seu território ao expulsarem os mouros dos lugares ainda ocupados até aí.

Este livro tem a capacidade de nos prender, com todos os obstáculos que Isabel tem de ultrapassar e destruir até chegar ao seu trono. E mesmo sabendo que esse será o desfecho porque os factos históricos são do conhecimento de todos, isso não diminui em nada a vontade de querer descobrir o que mais está por contar.

As descrições dos lugares e das personagens são de uma riqueza incrível e transporta-nos no tempo e no espaço até sentirmos que os conhecemos intimamente, como se com eles tivéssemos privado. O rei Henrique, irmão de Isabel, não tem uma imagem muito positiva, revelando-se boémio e pouco preocupado com o desenvolvimento do seu país. Aliás, mostra-se até despreocupado quanto à sua sucessão, pois apenas tem uma filha, após muito tempo, e sobre a qual também não mostra ter a certeza de ser o pai.

Fernando aparece como um rapaz alegre e determinado, certo do seu destino como rei de Aragão e como marido de Isabel. No entanto, não deixa de se mostrar inseguro por ter uma mulher que exerce o poder de forma activa e não apenas como figura consorte. Mais ainda porque o seu reino é bastante mais pequeno e frágil do que Castela. Contudo, Isabel consegue contornar essas inseguranças permitindo que ambos reinem em conjunto durante o seu casamento.

É também interessante constatar o quanto os problemas de gerar um filho do sexo masculino para herdar a coroa era algo que afectou todos os reinos em algum ou em vários momentos. Assim, a rainha Isabel teve várias filhas, mas apenas um filho. Em Castela, as filhas poderiam herdar o trono mas, em Aragão, apenas um homem poderia receber a coroa de seu pai.

A evolução de Isabel na história é interessante de acompanhar. Temos uma imagem de rainha implacável, profundamente católica, que trabalhou para unificar o reino para os seus descendentes, que permitiu que a Inquisição Espanhola se instalasse e expulsasse as outras fés, e começou a aventura das descobertas ao aceitar a proposta de Cristóvão Colombo. Só que aqui é nos apresentada uma mulher mais humana, com profundas reservas em atacar os judeus e os muçulmanos, e pouca vontade de desconfiar dos cristãos-novos.

As suas decisões mais controversas são apresentadas como inevitáveis para a união do seu reino, e só são tomadas passado bastantes tentativas e muita pressão da Igreja Católica. Confesso que esta imagem me deixa algumas dúvidas, afinal, Isabel era uma mulher do seu tempo e certamente com uma visão menos humanitária do mundo que aquela que hoje temos. É-nos apresentada também como uma mulher com vontade de aprender mais e de ser auto-suficiente nas suas relações diplomáticas e que lamentava que a educação não fosse um investimento feito nas mulheres.

Gostei bastante, embora me tenha sabido a pouco, de ler sobre o primeiro encontro entre Isabel e Colombo. O autor descreve o navegador como um homem fascinante, capaz de roubar a atenção de toda uma sala, com uma convicção invulgar de que seria capaz de encontrar o caminho marítimo para a Índia e de entregar as riquezas do Oriente à soberana de Castela. Infelizmente, o livro termina antes de Isabel tomar a decisão de apoiar a empreitada e de descobrir novos mundos.

Pela minha parte, fiquei muito bem impressionada com este autor neste primeiro livro que li e já estou de olho no próximo que poderá muito bem ser Confissões de Catarina de Médicis. E tu, já conhecias este autor? Qual o teu livro favorito de C. W. Gortner? 

"Quando lia sobre esses homens destemidos que tudo tinham arriscado pela promessa de descobertas, esquecia que estava ali sentada a sós com um livro bafiento, ou que era uma miúda inexperiente que nem sequer vira ainda o mar. Perdendo a noção do tempo e de mim mesma, transformava-me num homem forjado no sal e na madeira sobre as águas, permeado pela espuma do mar, em sintonia com o cantar das sereias e rodeado de um azul infinito. Tais livros provaram-me que há, dentro de nós, uma coragem que não reconhecemos até sermos testados; as suas palavras acordaram em mim um fervor que eu desconhecia possuir."

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2 comentários:

  1. Já ando a temos atrás deste livro para comprar. Não sei dizer tem algo que me puxa para saber sobre a história.
    E depois de ler a sua opinião ainda fiquei muito fiquei com mais interesse.

    Muito boa a sua descrição do livro, parabéns.

    Bjks

    Luuh Alves

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    Respostas
    1. A história é mesmo muito interessante e, se gostas de romances históricos, tenho a certeza que vais gostar deste livro ;)
      Muito obrigada pelo comentário!
      Beijinhos*

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