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terça-feira, 17 de janeiro de 2023

#Livros - O Jogador, de Fiódor Dostoiévski


#Livros - O Jogador, de Fiódor Dostoiévski

Sinopse

Publicado em 1866, ano em que saiu também Crime e Castigo, O Jogador reflecte muito da biografia de Dostoiévski, que foi, ele próprio, jogador compulsivo durante vários anos. 

Com a Alemanha sob pano de fundo e um ambiente de casinos, encontramos Aleksei Ivánovitch, figura principal deste romance, um jovem com um forte sentido crítico em relação ao mundo que o rodeia mas sem objectivos, que descobre em si a paixão compulsiva pelo jogo. 

Usando de humor satírico, Dostoiévski expõe as motivações mais íntimas desta e de outras personagens, criando uma obra simultaneamente viva e dramática. 

O fascínio culpabilizado dos jogadores, o descontrolo e o desespero, paixões que raiam a loucura e uma solidão sem recurso são temas que se adequam ao genial universo da ficção dostoievskiana. 


Opinião

Continuo na minha descoberta de livros russos e, até ao momento, não me desiludi com nenhum dos que li. Quanto mais leio, mais quero ler. Quantos mais autores conheço, mais quero conhecer. Quando descubro um autor, quero ler tudo dele. É um excelente exemplo o caso do inacreditável Dostoiévski. Feliz ou infelizmente, li pouca coisa do autor, mas isso quer dizer que tenho todo um universo para descobrir ainda. Já tenho alguns na estante, mas, como tenho feito com alguns dos meus autores favoritos, tenho procurado ler um livro por ano, para fazer render a sua obra por mais tempo e não me sentir órfã tão cedo. 


Assim, o Dostoiévski de 2023 foi O Jogador, um livro que foi lançado no mesmo ano que um dos seus livros mais famosos. Mais curto que esse calhamaço, e com uma temática que aborda o poder que o jogo pode exercer nas mais diversas pessoas. Aliás, este livro com pouco mais de cento e cinquenta páginas, pode ser perfeitamente lido num dia ou dois, sem grande esforço. A linguagem é acessível, a narrativa simples, com poucas personagens destacadas, e que envolve e prende pela necessidade de descobrir o que irá acontecer com aquelas pessoas. Os saltos temporais também ajudam a aguçar a curiosidade do leitor e imprimir alguns avanços numa narrativa que se passa, essencialmente, numa mesa de jogo. 


Podes ler também a minha opinião sobre Noites Brancas


Tudo começa com a figura do protagonista, perceptor do filho mais novo do general, que se revela apaixonado pela enteada do patrão, uma jovem orgulhosa e que parece não ter qualquer interesse no rapaz, além de o usar para os seus caprichos e se entreter nos momentos aborrecidos. O ambiente é multicultural, pois acompanhamos esta família russa, numa cidade alemã, rodeados por alguns franceses que exercem grande influência. Sem esquecer ainda um misterioso inglês que rodeia de forma discreta todos os russos, procurando ser útil, ainda que não sejam óbvios os motivos deste seu interesse. 


"Mas o prazer é sempre útil, e o poder louco, ilimitado, nem que seja sobre uma mosca, também é uma espécie de deleite. O ser humano é déspota por natureza e gosta de ser carrasco." 


Esta cidade vive em séria dependência do casino, pois parece ser por causa dele que tanta gente se reúne nesse lugar. Sente-se o chamamento do jogo a cada momento. O próprio protagonista vive com a sensação de que, se for jogar, irá sair vencedor. Com uma estranho convicção, mesmo sem correr para a mesa de jogo, parece saber que lá irá fazer a sua fortuna. Como parece não precisar dessa fortuna, não vai para o casino. O patrão, o general reformado, lança alguns avisos, como se pressentisse a tentação do jogo na personalidade do perceptor, ou na sua própria personalidade. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Coração Fraco


No meio de tantos personagens peculiares e meio loucos, a minha favorita é a avó. A senhora é dona de uma fortuna considerável e todos aguardam a sua morte para receber a tão esperada e desejada herança. Quando chega a notícia de que a senhora estaria muito doente, a família corre a enviar telegramas diários, na ânsia que chegue a notícia da sua morte e da resolução de todos os seus problemas financeiros. Para surpresa de todos, em vez da notícia, chega a própria da avó, para visitar a família e ver o que se passava para terem tanta pressa que morresse. O seu sentido de humor, os seus comentários mordazes, sem se preocupar com a opinião de ninguém, são deliciosos e fazem com que a sua visita seja o ponto alto da narrativa. 


"Reconheço nessas palavras o meu velho amigo, inteligente, entusiasta e, ao mesmo tempo, cínico; só os russos são capazes de combinar em si, simultaneamente, tantas características contraditórias." 


Depois desta visita, onde a própria avó se vê tentada pelo jogo e acaba por perder tudo o que trouxe consigo, tudo descamba e a pobre estrutura que segura esta família é destruída. A jovem noiva do general, ao saber que a herança está distante, volta para Paris. O pretendente francês da enteada do general também a abandona com um bilhete de despedida. Este equilíbrio precário é totalmente derrubado e o papel do casino neste processo cresce a um ponto desmedido. Os relatos das sensações que provocam a vertigem do jogo, de arriscar uma fortuna, de colocar o tudo ou nada de uma vida numa aposta mortal, são descrições tão vívidas que parece que somos nós, leitores, que estamos a jogar e a apostar o nosso dinheiro. 


Só posso repetir-me, porque não me canso de recomendar os autores russos, pela sua riqueza literária, pelo sentido de humor único, pelos elementos fantásticos que sempre surgem nas suas histórias e pelo seu talento gigante de escrever enredos extraordinários que nos prendem e fascinam. De qualquer modo, se ainda precisas de mais razões ou incentivos para ler O Jogador, aconselho a veres o vídeo do Ler Antes de Morrer. Já leste este ou outro livro de Dostoiévski? Qual o teu livro favorito do autor? Que outros autores russos aconselhas? Conta-me tudo nos comentários e vamos conversar sobre literatura russa! 


Podes encomendar o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribuir para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand | Book Depository

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