Sinopse
Numa noite luminosa, numa ponte sobre o rio Neva, um jovem sonhador depara-se com uma mulher em lágrimas. Petersburgo está mergulhada em mais uma das suas noites brancas, um fenómeno que faz as noites parecerem tão claras quanto os dias e que confere à cidade a atmosfera onírica ideal para o encontra entre essas duas almas perdidas.
Ao longo de quatro noites, o tímido jovem e a ingénua rapariga estabelecem laços intensos, mas o desenrolar romântico deste fugaz encontro pode estar ameaçado.
Mas será isso realmente o mais importante?
Meu Deus! Um momento de felicidade! Sim! Não será isso o bastante para preencher uma vida?
Para a escritora Margarida Rebelo Pinto, Noites Brancas «é mais do que um livro que nos faz chorar de emoção, mais do que um livro terno e perfeito é uma lição de vida imortal».
Opinião
Estou agora a dar os primeiros passos na obra do famoso e importante Dostoiévski e nada mais apropriado do que iniciar esta jornada pelos seus romances iniciais, como é o caso deste Noites Brancas. Um livro curto, dividido pelas quatro noites e a manhã seguinte, que consiste no espaço temporal em que acontecem os eventos, que se consegue ler de uma assentada só e que, por vezes, dá mesmo vontade de fazer isso mesmo.
Começo já por dizer que esta edição do Clube do Autor é linda de morrer, com uma capa apaixonante, que fica perfeita em qualquer estante, e com prefácio de Margarida Rebelo Pinto, onde a autora partilha a importância desta obra-prima da Literatura na sua vida. A edição é altamente cuidada, repleta de ilustrações que acompanharam a publicação da obra em 1922, com um papel de qualidade e uma letra confortável para a leitura, mesmo para míopes.
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Pois que tudo começa com um jovem protagonista, cuja vida parece ser mais voltada para o sonho do que para a realidade. Um sonhador que não estabelece relações sociais com ninguém, vivendo na sua bolha, perdido nos seus pensamentos. Até que numa noite em que caminhava junto ao rio, encontra uma jovem a chorar e, contra os seus hábitos e contra a sua Natureza, decide aproximar-se dela e tentar consolá-la ou ajudá-la de alguma forma.
"O céu estava tão estrelado, tão luminoso, que, olhando para ele, nos veríamos obrigados a perguntar: como se explica que debaixo de um céu assim vivam homens irascíveis e caprichosos?"
A moça assusta-se com a abordagem inesperada, mas acabam por travar amizade, após alguns incidentes. É deste modo que ela lhe conta sobre a sua vida e da razão que a faz chorar, um amor que parece não ter cumprido a palavra dada e, por isso, não voltou para a vir buscar. Na ânsia de aguardar pelo seu amado, desespera-se e é nesse momento que o seu destino se cruzou com o nosso jovem sonhador. Combinam novo encontro na noite do dia seguinte e esta linda mulher desperta um amor verdadeiro no sonhador que só pensa em fazê-la feliz.
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A desilusão da rapariga alimenta a sua esperança e chega o momento em que abre o seu tímido coração e revela o seu amor e o seu desejo de a fazer feliz. Será que vão ficar juntos? Será que se vão contentar com as migalhas de um amor unilateral? Este é um Dostoiévski romântico, que faz o apogeu do amor idealizado, platónico, que talvez nunca se concretize. Assim como vive, também o amor do nosso protagonista é feito de sonhos e miragens.
"Um minuto inteiro de felicidade! Não será isso o bastante para preencher toda a vida de um homem?"
Esta é uma leitura deliciosa, ultra romântica, mas tão bem escrito, tão bem construído para nos prender da primeira à última página, um livro que vale muito a pena ser lido por todos os amantes de romances apaixonados. Acredito que seja uma excelente forma de começar com este monstro da Literatura Russa e, se precisas de mais motivos para ler Noites Brancas, podes ver ainda o vídeo da Tatiana Feltrin para ficares com a certeza de que este é um livro e um autor que vais querer ler.
Já leste alguma coisa de Dostoiévski? Qual o teu livro favorito do autor?
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