expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

Pages

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

#Livros - Lolita, de Vladimir Nabokov

 

#Livros - Lolita, de Vladimir Nabokov

Sinopse

Esta é uma das obras mais conhecidas e controversas do século XX e conta a história de Humbert Humbert, um professor universitário enfadonho e de meia-idade. A sua obsessão por Lolita de 12 anos suscita algumas dúvidas relativamente ao seu carácter: estará ele apaixonado ou tratar-se-á de um louco? Um poeta eloquente ou um pervertido? Uma alma torturada e sofrida ou um monstro? Ou será que Humbert Humbert não será apenas uma mistura de todas estas personagens? 

Lolita é certamente o romance mais conhecido de Nabokov, mas também por se tratar de uma obra-prima que provocou, à data da sua publicação, um enorme escândalo pela forma como o autor tratava o tema de uma paixão entre um homem maduro e uma adolescente provocante. 

Hoje, que essa aura de escândalo parece ter-se dissipado, o livro, publicado originalmente em 1955, vale por aquilo que é: um verdadeiro clássico da literatura do século XX. 


Opinião

Demorei a pegar neste livro por medo da dificuldade da leitura e pelo peso do tema que traz acorrentado que desde o seu lançamento foi provocando ondas de indignação e repulsa. Estou longe de defender qualquer tipo de censura ou de impor limitações aos temas sobre os quais as pessoas podem escrever. Só que em Lolita estamos a falar de pedofilia e esse é um tema, à luz dos valores dos últimos anos, que só pode ser polémico. 


Este é um livro perturbador que ao invés de nos repudiar pela linguagem, nos envolve e fascina pela forma linda como cada palavra foi escolhida para compor uma obra-prima da Literatura. Tudo é dito de forma sublime e de extremo bom gosto, quase que nos faz esquecer que estamos a ler sobre o amor imoral de um homem de meia-idade por uma menina de 12 anos apenas. Inicialmente, tudo parece uma coisa platónica, que vive mais da sua imaginação do que da procura pela realidade. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre A Metamorfose


Só que depois do nosso narrador em primeira pessoa nos contar o seu passado, o seu primeiro amor e a forma como o perdeu, a forma como Lolita lhe faz lembrar dessa menina, e os seus romances estranhos e pouco claros, começamos a perceber que talvez o homem que nos fala não seja tão inofensivo como inicialmente parece. Que as suas intenções são mais fortes, embora reprimidas com medo de ser descoberto. É muito mais o medo que o impede de avançar nos seus propósitos amorosos, do que questões morais. 


"Peço-lhe, leitor, seja qual for o seu exaspero com o compassivo, morbidamente sensitivo e infinitamente circunspecto herói do meu livro, não salte estas páginas essenciais! Imagine-me, pois não existirei se não me imaginar; tente distinguir a gazela existente em mim, a tremer na floresta da minha própria iniquidade; sorria até, um pouco." 


Claro que a situação se adensa quando Humbert Humbert, ficando a conhecer o interesse amoroso da mãe de Lolita por ele, decide aproveitar-se desse mesmo amor para se infiltrar de forma definitiva e muito mais inclusiva na vida da sua amada. Ao casar-se com a mãe da menina, percebemos que a situação fica mais perigosa. A tentação está mais acessível e o predador parece cada vez mais perigoso. 


Podes ler também a minha opinião sobre Coração Fraco


Sem querer dar spoilers, a verdade é que notei uma diferença abismal entre a primeira e a segunda parte do livro. Enquanto que, na primeira parte, sobressai a beleza da linguagem, a prosa poética, que nos faz esquecer ou pelo menos desvia as atenções da sordidez do assunto. Já na segunda parte dei por mim com série dificuldade em prosseguir com a leitura, de tão pesado que se torna. Houve momentos que chegou a causar-me náuseas a forma como este polémico protagonista manipulava tudo e todos em seu proveito próprio. 


"Apesar dos nossos arrufos, apesar da sua má criação, apesar de todo o barulho e todas as caretas que ela fazia, e da vulgaridade, e do perigo, e do horrível desespero de tudo aquilo, eu continuava profundamente embrenhado no paraíso da minha eleição - um paraíso cujo céu tinha a cor das chamas do Inferno, mas que não deixava de ser um paraíso." 


Foi um desafio e tanto ler este livro, mas vale bem o esforço. É bonito, mas desconfortável. É profundo, mas obscuro. É chocante, tenebroso, maligno, mas tão bem escrito, sem nada de vulgar, sem pormenores desnecessários à compreensão da história. No entanto, se ainda precisas de mais razões para ler Lolita, podes ver o vídeo da Tatiana Feltrin e o da Literatura Fundamental, para aguçares ainda mais a tua vontade. Já leste Lolita? O que sentiste com esta leitura? Conta-me tudo nos comentários. 


Infelizmente, este livro está esgotado em português. Portanto, a solução é procurar livros em segunda mão ou ler a versão em inglês, se consegues ler nessa língua. Sugiro-te esta edição da Book Depository, por exemplo. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pela visita e pelo comentário. Terei todo o gosto em responder muito em breve.
*Não esquecer de marcar a caixinha para receber notificação quando a resposta ficar disponível.
Até breve!