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domingo, 10 de fevereiro de 2013

diz-me o que de mim amaste...


Desenha com a ponta dos teus dedos
as fronteiras exactas do meu rosto
as rugas, os sinais, a cicatriz que ficou da infância
o lento sulco das lâminas onde no peito
se enterra o mistério do amor
e diz-me o que de mim amaste
noutros corpos, noutras camas, noutra pele
prometo que não choro
mas repete as palavras um dia minhas
que sem querer misturaste nas tuas
e levaste com as chaves de casa e os documentos do carro-
e largaste sobre a mesa com o copo de gin a meio
na primeira madrugada em que me esqueceste.

Alice Vieira

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