É da torre mais alta do meu pranto que eu canto este meu sangue este meu povo. Dessa torre maior em que apenas sou grande por me cantar de novo.
Cantar como quem despe a ganga da tristeza e põe a nu a espádua da saudade chama que nasce e cresce e morre acesa em plena liberdade.
É da voz do meu povo uma criança seminua nas docas de Lisboa que eu ganho a minha voz caldo verde sem esperança laranja de humildade amarga lança até que a voz me doa.
Mas nunca se dói só quem a cantar magoa dói-me o Tejo vazio dói-me a miséria apunhalada na garganta. Dói-me o sangue vencido a nódoa negra punhada no meu canto.
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